"Isto é uma árvore", aponta Marcelo Grillo para a terra. Melhor dizendo: para uma planta 20 centímetros acima do solo. "As pessoas são muito ansiosas. Dizem 'Ih, árvore demora muito a crescer'. Eu não gostaria que meu filho já nascesse com 20 anos. Qual é a graça? Gosto de ver crescendo."
De pequenas árvores em pequenas árvores plantadas por ele, passaram-se 30 anos. E foi assim que o paulistano Marcelo Grillo, músico e consultor de tecnologia da informação de 60 anos, criou uma floresta particular na beira da Represa Jaguari/Jacareí do Sistema Cantareira, em um terreno de seis hectares em Joanópolis, a 122 quilômetros de São Paulo. Ali estão densas árvores de 250 espécies - a maioria nativa - em cinco hectares que ele cuida com a ajuda somente de um caseiro.
A maioria delas foi plantada por ele mais de 25 anos atrás e hoje forma copas adensadas, criando um pulmão verde na propriedade com resquícios de Mata Atlântica.
No Dia Internacional das Florestas, instituído em 2012, o jornal O Estado de S. Paulo conta a história de vizinhos que, juntos, estão reflorestando quase artesanalmente a região ao norte de São Paulo.
O conhecimento de Grillo se consolidou no contato direto com a natureza. Após estudar o comportamento das árvores nativas por conta própria, passou a cultivar milhares de mudas no viveiro que hoje doa - ou vende, a depender da quantidade - aos moradores de sítios próximos, de quem ficou amigo. "Eu nasci para ter uma floresta.
"Meu pai cortou muitas árvores por aqui para a passagem das estradas. Naquela época, achávamos que a mata nunca ia acabar. E agora sabemos que pode acabar, sim. Depois do Mig (como é conhecido Grillo entre amigos), que me ensinou tanto, passei a reflorestar em vez de criar gado. Estamos fazendo várias pessoas mudarem de ideia", diz a agricultora Daisy Takasawa, de 58 anos, nascida e criada em Joanópolis.
Desde 1985, ela mora em um sítio vizinho ao de Grillo, mas somente no ano passado começou a plantar mudas de árvores nativas no local.
Outro vizinho também engajado nas questões ambientais, o engenheiro e administrador de empresas Francisco de Cunto, de 60 anos, está na região há 11 anos.