O carnaval de blocos de São Paulo descriminalizou a pochete e trocou a fantasia pelos adereços de cabeça e pinturas. O porte do "adereço" foi considerado, pelos foliões, a arma mais eficaz contra o furto de celulares. Além da volta triunfal da pochete, a rua trouxe outras novidades, como as plaquinhas/memes; o fim da dinastia da catuaba; um certo tom político e o crescimento da campanha contra o assédio.
"Não é algo que eu use no meu dia a dia. Acho até cafona, mas no carnaval não tem nada mais eficaz. A gente fica com as mãos livres para pular e o celular fica mais seguro do que no bolso de trás", conta a publicitária Núbia Milaneze, de 25 anos - acompanhada de duas amigas também entusiastas da pochete. E da maquiagem - pois vale a pena passar horas se montando para "acontecer" no bloco. "(A pochete) tem a vantagem de ser uma coisa que dá para compor a fantasia", completa a estudante Jady Paola, de 23 anos.
Até os homens aderiram. "Optei pela segurança, mas ontem tentaram me roubar a pochete também.
Apesar de algumas fantasias trabalhadas (e trabalhosas), os foliões preferiram o conforto de camiseta, bermuda e peças leves. Ganharam destaque os adereços de cabeça e pinturas no rosto e no corpo - retocados em caso de chuva, como seu viu. "Não gosto de ter preocupação no carnaval. No calor ou na chuva, a melhor saída é usar pouca coisa. Tudo pelo conforto", comentou a advogada Priscila Amaral, de 30 anos.
Valeu até maquiagem em dupla para provar a amizade. As amigas Caroline Cabral e Larissa Catão fizeram a maquiagem e o cabelo juntas para ir aos blocos da zona oeste. "É uma forma de expressão, um jeito de manifestar o amor ao carnaval", diz Larissa.
Na brincadeira de rua também não faltou quem usasse uma cartolina como plaquinha para passar uma mensagem ou se fantasiar de meme.
O que se viu pouco nesses dias de bloco de rua foi a famigerada catuaba - trocada por corote colorido (cachaça ou vodca aromatizada) e gim tônica. " O pessoal está sempre querendo algo novo", resume o ambulante Admilson Neto, de 36 anos.
Assédio e política
A campanha contra o assédio no carnaval parece bem-sucedida. No Jegue Elétrico e no MinhoQueens, por exemplo, o recado do "não é não" veio do próprio trio elétrico e muitas garotas levavam na pele o mesmo lema (além de "deixa as mina"). A diferença foi sentida. "Já teve ano que a gente dava dois passos e era agarrada", afirma a arquiteta Camila Milande, 27 anos.
Por fim, a política deu as caras.