Laudo sobre o funcionamento dos piezômetros da Barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, divulgado pela Vale mostra que a barragem estava sem leituras dos equipamentos para o mês de janeiro. O relatório reproduz uma série de trocas de e-mails, na véspera do acidente, sobre o funcionamento dos sensores usados para medir a pressão da água nas barragens e os apelos do engenheiro geotécnico da Vale Helio Marcio Lopes de Cerqueira para que fosse dada prioridade ao assunto.
"Ainda estamos sem leitura para prosseguir com o monitoramento desta barragem alteada à montante. Priorizar isso! Se não encontrarem a falha me ligar no celular. Precisamos resolver isso rápido", afirma, em mensagem do dia 24, às 13h32.
Às 15h47, o fornecedor da empresa Tecwise informa que precisa analisar o programa de coleta de dados dos sensores e afirma que vai agendar uma visita ao local para sanar o problema. Em resposta, Cerqueira pede que a visita seja feita no dia seguinte, o que acabou não ocorrendo. Por volta de 12h48 do dia 25, a barragem rompeu.
"Ainda não temos leituras para o mês de janeiro/19 para as barragens I, Vargem Grande e B3/B4, e só teremos 5 dias úteis até a virada do mês. O risco de multa do DNPM (antigo nome da Agência Nacional de Mineração) é muitíssimo alto", escreve Cerqueira ao fornecedor.
Apesar da troca de mensagens, em entrevista coletiva, o gerente-executivo de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão da mineradora, Lúcio Cavalli, garantiu que os problemas com cinco piezômetros reportados nos e-mails na véspera da tragédia, não poderiam causar a tragédia.
Cavalli afirmou que o laudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática, após a tragédia, atestou a correção dos problemas dos piezômetros antes do rompimento. "Não houve erro de leitura dos piezômetros, mas de configuração de placa.