Um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentado nesta quarta-feira, 12, determina que só as crianças que vão entrar na escola em 2019 sigam a nova norma para corte etário. Quem já está matriculado, no ensino infantil ou fundamental, não seria afetado. Em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os alunos só poderiam entrar no 1.º ano com 6 anos completos até 31 de março.
Com a indefinição de como deveriam proceder, muitas escolas passaram a tomar decisões por conta própria. A confusão aconteceu principalmente em São Paulo, onde as redes particular e pública aceitam estudantes nascidos até 30 de junho. Como a organização da educação infantil é feita respeitando esse corte, a nova norma atinge todas as crianças com menos de 6 anos.
A publicitária Maria Cecília Buffardi, de 35 anos, foi avisada que a filha Helena, de 1 ano, não passaria para o ano letivo seguinte com o grupo. Isso porque ela faz aniversário em junho.
"Temos recebido várias manifestações. É preciso deixar claro que a criança tem o direito à continuidade do percurso educacional e não pode ser separada do seu grupo", diz o conselheiro Cesar Callegari. Segundo ele, só em casos excepcionais, em que há avaliação de problemas de desenvolvimento, pode haver a retenção. "Não pode ser por uma conveniência administrativa ou da família." O documento deve passar por votação nesta quinta-feira, 13, no CNE, mas, segundo a reportagem apurou, há consenso no órgão em aprová-lo.
Depois disso, o parecer precisará ser homologado pelo Ministério da Educação (MEC).
Especialistas em educação infantil defendem a nova data de corte para impedir que crianças passem quase metade do 1.º ano do fundamental com 5 anos. "O importante até essa idade são as experiências que a criança vivencia, projetos, brincadeiras" diz a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mônica Baptista.
Para ela, não haveria problema em deixar a criança um ano a mais. "Não está ali para aprender Matemática, Português...
A editora Soraia Curi, de 40 anos, disse que ficou aliviada de ser avisada pela escola que a filha Lorena, de 3, ficaria mais um ano na educação infantil. "Não quero apressar nada, não quero que seja alfabetizada aos 5 anos e perca as atividades lúdicas."
Escolas estaduais
O governo informou que vai matricular normalmente as crianças nas escolas estaduais usando o corte antigo, de junho, até que haja definição do CNE e do Conselho Estadual de Educação (CEE). A Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) também fará o mesmo. Depois de aprovado o parecer, o CEE precisa emitir uma norma para São Paulo, já que a atual prevê o corte em junho. Segundo a presidente, Bernadete Gatti, essa discussão deve ocorrer nas próximas semanas. O órgão está com oito membros a menos há dois meses, por mandato vencido, e espera que o governador Márcio França faça nomeações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..