Jornal Estado de Minas

GERAL

Parte do acervo do Museu Nacional foi retirada antes de ser atingida por fogo


Bombeiros que atuam no combate ao incêndio que destrói o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, informaram que uma pequena parte do acervo foi retirada antes de ser atingida pelo fogo. Não foi dito quais são essas peças nem para onde elas foram transportadas.

Às 23h deste domingo (2) o incêndio continuava, e os bombeiros tentavam evitar que uma área conhecida como anexo fosse atingida. Até então, esse trecho estava intacto. O prédio principal, ao contrário, foi praticamente todo destruído. Agentes da Polícia Federal chegaram ao museu, mas não informaram com qual objetivo.

Dezenas de funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acompanham o incêndio que desde as 19h30 atinge o Museu Nacional. Dois andares foram bastante destruídos e parte do teto desabou. Duas escadas Magirus são usadas, e dois caminhões-pipa se revezam fornecendo água para o trabalho dos bombeiros.
Uma equipe da Defesa Civil avalia o risco de desabamento do edifício.

Quando o fogo começou, a visitação ao museu já havia sido encerrada e estavam no prédio quatro vigilantes, que não se feriram. Entre os funcionários que, em prantos, acompanhavam o incêndio estava o bibliotecário Edson Vargas da Silva, de 61 anos, que trabalha há 43 anos no museu. "Tem muito papel, o assoalho de madeira, muita coisa que queima muito rápido. Uma tragédia. Minha vida toda estava aí dentro", afirmou.

Uma parte do acervo não fica nesse prédio, então está preservado. Mas o que havia em exposição aparentemente foi todo consumido. O Zoológico do Rio de Janeiro fica bem próximo do Museu Nacional, mas não foi atingido.


Por meio das redes sociais, várias pessoas lamentaram a situação. “Meu Deus, que horror estamos vivendo ... O Museu Nacional consumido pelo fogo. Eu sinto ânsia de vômito ao ver isso”, disse Michele Prado. “Difícil segurar as lágrimas ao ver o incêndio no Museu Nacional. Uma perda indescritível na nossa memória, na nossa história, na história do nosso desenvolvimento científico”, comentou Rachel Cardoso. “A notícia do incêndio no Museu Nacional da quinta da boa vista simplesmente acabou com minha noite. Que tristeza”, afirmou Márjorye.


História

Mais antiga instituição histórica do país, o Museu Nacional do Rio foi fundado por D.João VI, em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada por reunir pesquisas raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.

O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso de museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No acervo, com cerca de 20 milhões de itens, há diversificação nas peças, pois reúne coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. Há, ainda, uma biblioteca com livros com obras raras.

O Museu Nacional do Rio oferece cursos de extensão e pós-graduação em várias áreas de conhecimento. Para esta semana, era esperado um debate sobre a independência do país. No próximo mês, estava previsto o IV Simpósio Brasileiro de Paleontoinvertebrados no local. .