A crise na Venezuela e seus últimos desdobramentos ganharam terreno no discurso dos candidatos ao Planalto. Em evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), nesta segunda-feira, 20, em São Paulo, alguns dos principais nomes que concorrem ao cargo criticaram a atuação do governo federal e, sobretudo, pediram ajuda ao Estado de Roraima.
O candidato do MDB, Henrique Meirelles, defendeu "uma política ativa para mudar o regime da Venezuela". "Primeiro lugar, é preciso se defender o lado do interesse dos brasileiros. Por outro lado, também é importante ter uma postura humanitária", contrapôs. Questionado sobre como seria essa "política ativa", disse: "Não ajudando o regime. O Brasil fez muitos empréstimos para a Venezuela. Uma postura firme. Não pode ter tibieza e favorecer o regime", disse.
Meirelles, entretanto, desconversou quando questionado sobre se o governo de Michel Temer errou na mediação.
Das oposicionistas, a candidata da Rede, Marina Silva, foi mais firme e disse que o governo brasileiro, ao lidar com a crise da Venezuela, foi duplamente negligente. "Negligenciou tanto por elementos políticos e ideológicos e não ajudou para que não se fosse para esta situação, de falta de democracia na Venezuela. E negligencia agora, quando deixa o problema dos refugiados nas mãos do Estado de Roraima, que não tem condições de dar resposta praticamente sozinho", afirmou, abraçando na crítica também a antecessora de Temer, Dilma Rousseff.
Já Geraldo Alckmin, candidato tucano, iniciou a resposta afirmando que "é muito triste o que levou o populismo fiscal na América Latina, especialmente na Venezuela". Alckmin destacou que o governo federal tem "o dever" de ajudar Roraima.
Manuela D'Ávila, que representou Fernando Haddad na chapa petista no evento, assim como o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, também criticaram o governo. Manuela disse que a tradição humanitária brasileira deve ser mantida nestes casos. "Temos uma lei de imigração acolhedora.
Com críticas mais incisivas, Ciro Gomes, do PDT, jogou a responsabilidade na conta de Temer. "Esse governo não está fazendo nada. Ele é o grande culpado de tudo isso". Ciro destacou o grande número de brasileiros no mundo, muitos ilegais. "Agora, os irmãos da Venezuela estão passando por maus bocados. Temos que ajudar.