A Justiça de São Paulo atendeu a pedido da defesa do empresário Ricardo Antonio Novaes Carmona, de 42 anos, que matou o pai a facadas no dia 5 de agosto, para encaminhá-lo para tratamento em um hospital psiquiátrico. Oswaldo Carmona, de 78 anos, foi morto no interior do apartamento da família, na Vila Nova Conceição, zona sul da capital.
O juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, da 5ª Vara do Júri da Capital, analisou laudos expedidos pelo psiquiatra do indiciado, recomendando a sua imediata internação provisória. Segundo o laudo, o filho tem histórico de esquizofrenia refratária associado ao uso de substâncias múltiplas e já foi internado oito vezes em hospitais psiquiátricos, sendo a primeira aos 23 e a última aos 39 anos de idade, informou o Tribunal de Justiça paulista.
"O documento afirma também que o acusado não faz uso de drogas e álcool há mais de três anos. O Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina realizou avaliação psiquiátrica a pedido da autoridade policial e concluiu que o investigado é acometido de 'Esquizofrenia Paranoide Resistente a Tratamento', possuindo 'dependências de múltiplas substâncias, atualmente em abstinência'", descreveu a Justiça.
A defesa pediu que a internação provisória ocorra na clínica onde ele já ficou em seis oportunidades. O pedido de revogação da prisão e internação provisória teve aval do Ministério Público, que contestou o pedido da defesa de encaminhar o acusado a uma clínica de preferência da família.
O juiz decidiu, então, pela substituição da prisão cautelar, aplicando ao indiciado medida de internação provisória em clínica diversa da indicada pela defesa, "oficiando-se com urgência à Coordenadoria de Saúde do Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo para providenciar a respectiva transferência para Hospital de Tratamento e Custódia, ou, à falta, vaga em outro estabelecimento adequado, no prazo máximo de 72 horas".
Entenda o caso
Ricardo era solteiro e morava com os pais no 10.º andar de um prédio na Praça Pereira Coutinho. Na noite de sábado, 4 de agosto, estavam só ele e o idoso no apartamento. Por volta das 21h30, ele teria ouvido vozes dizendo para matar o pai, foi até a cozinha e apanhou uma faca, conforme depôs no 14.º Distrito Policial (Pinheiros).
Na sala, Ricardo tentou golpear o pai, que resistiu. Os dois chegaram a entrar em luta corporal, mas a vítima acabou atingida na região da face e do tórax, segundo boletim de ocorrência. O comerciante, então, jogou a faca sobre o sofá, pegou a chave do carro, um Chevrolet Cruze, e fugiu.
Foi o porteiro do edifício que alertou a família. Em depoimento, ele afirmou saber que Ricardo tinha transtorno mental e que não era comum ele sair dirigindo. Ao chegar no local, familiares encontraram marcas de sangue na sala e o corpo de Oswaldo caído.
Aos policiais, Ricardo contou que dirigiu para um motel na Rodovia Anchieta, onde dormiu sozinho até as 5 horas de domingo, 5. De lá, saiu para outro motel na mesma rodovia. Ele não soube informar o nome dos estabelecimentos.
Por volta das 8 horas, dirigiu por cerca de 60 quilômetros até Mongaguá, no litoral, e ficou rodando pela cidade.
Após o crime, a polícia havia emitido uma alerta com a placa do veículo - o que permitiu localizar o suspeito. Por volta das 22h40, Ricardo teria tentado furar um bloqueio, mas depois desistiu da fuga, de acordo com a PM. Aos agentes, ele teria confessado o assassinato.
No 14.º DP, o comerciante alegou problemas psiquiátricos e relatou usar quatro remédios diferentes. Também disse ter sido usuário de maconha e de cocaína, mas que estava sem consumir droga há cerca de três anos.
O pai era sócio de ao menos dez empresas que atuam com comércio de produtos como madeira, vidro e ferragens na região do Brás, na região central, e na zona oeste. Também tinha atuação na área de administração de imóveis. Algumas das empresas contavam com a participação, em sociedade, da mulher e de um filho..