O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) mandou retirar as pinturas em grafite que recobrem a fachada posterior e paredes externas do prédio da Pinacoteca de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. O órgão entendeu que esse tipo de arte descaracteriza o prédio centenário, tombado pelo patrimônio estadual, e deu prazo até setembro deste ano para que as pinturas sejam removidas. O secretário de Cultura de Mogi, Mateus Sartori, considerou a decisão "preconceituosa" contra uma forma de arte popular. A prefeitura vai pedir a reconsideração da medida.
As pinturas foram feitas em 2016, mesmo ano em que o prédio foi tombado pelo patrimônio histórico do Estado. Conforme o Condephaat, qualquer intervenção em prédio tombado precisa ser submetida ao órgão, o que não aconteceu em Mogi das Cruzes. O conselho enviou técnicos para a cidade depois de receber uma denúncia sobre a intervenção indevida. O Condephaat concluiu que, embora não tenham causado danos físicos ao bem tombado, os grafites devem ser retirados até setembro próximo, com o retorno das cores originais do edifício. O órgão ainda analisa possível aplicação de multa pela intervenção não autorizada.
De acordo com Sartori, a proposta foi de estabelecer um diálogo entre a arquitetura clássica e os artistas contemporâneos.
O recurso para que o grafite continue nas paredes da Pinacoteca deve ser protocolado na próxima semana. Conforme Sartori, o Condephaat não foi consultado previamente porque, à época em que as pinturas foram feitas, o prédio não havia sido tombado oficialmente pelo órgão estadual. O prédio histórico foi construído em 1860 e, até 1929, abrigou a Câmara Municipal. Nas décadas seguintes sediou a Escola Normal, o Ginásio do Estado, a Escola Técnica Industrial, o Arquivo Histórico e a biblioteca municipal. Atualmente, é também sede da Secretaria da Cultura.
(José Maria Tomazela).