Brasília, 28 - Com dificuldade para escoar remédios para Estados por causa da greve dos caminhoneiros, o Ministério da Saúde solicitou auxílio da Força Aérea Brasileira para transporte de produtos. Parte deles tem estoques suficientes para apenas dois dias.
A pasta pediu ainda escolta das Forças Armadas para transportar por via terrestre os medicamentos entre os Estados e auxílio das companhias aéreas para que os produtos sejam levados em caráter prioritário. Na lista, estão medicamentos para tratamento de câncer, para pacientes transplantados, remédios de alto custo, além de vacinas e drogas usadas na terapia anti-HIV.
O Ministério da Saúde classificou a cesta de produtos comprada de forma centralizada por critério de prioridade. Para casos urgentes, estoques são suficientes para dois dias. Esse é o caso, por exemplo, de alguns imunossupressores (indicados para pacientes que fizeram transplante) e do trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama. Há ainda produtos cujo abastecimento é considerado grave: com quantitativo suficiente para atender 5 dias de demanda. Há ainda itens considerados em situação de observação, com estoques para 10 dias.
As dificuldades também são encontradas no setor varejista. Farmácias e drogarias continuam sem receber medicamentos, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, Sérgio Mena Barreto.
Para Mena Barreto, se a situação perdurar, haverá desabastecimento importante de remédios ainda esta semana. A situação é preocupante, resume. Barreto afirma que, no Paraná, mesmo caminhões com selos da Defesa Civil não conseguem ultrapassar os bloqueios.
Quando a barreira é ultrapassada, o problema é apenas amenizado. Isso porque, entregue a carga, o caminhão vazio não consegue fazer o caminho de volta. E aí, novas entregas ficam prejudicadas, afirma Mena Barreto.
Transplantes
Embora considerado como cirurgia de emergência, a realização de transplantes no País sofreu uma redução nos últimos dias, também em virtude da paralisação. É um efeito cascata.
O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Paulo Pêgo, tem avaliação semelhante. Sem falar em dificuldades. Neste sábado, um transplante de pulmão somente pode ser realizado graças a escolta feita pela Polícia Militar de São Paulo.
(Lígia Formenti).