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Estado de Minas

Rede de amigos no País banca vinda de africanos


postado em 22/05/2018 07:48

São Luís, 22 - Pagando um valor entre 1 mil euros (R$ 4,3 mil) e 1,1 mil euros (R$ 4,7 mil), um grupo de 25 africanos foi seduzido por uma vida melhor no Brasil. Transportados por dois brasileiros em uma embarcação com capacidade para 15 pessoas, partiram de Cabo Verde e tinham como destino final o Porto de Santos (SP), de onde partiriam para São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba e Fortaleza, entre outras cidades. Acabaram resgatados no sábado, 19, após mais de uma semana à deriva no litoral nordestino.

Entre os africanos estavam 20 cidadãos de Senegal, 3 da Nigéria e 2 de Guiné-Bissau. Todos que chegaram tinham parentes no País, que foram responsáveis por manter contato com intermediários dos supostos atravessadores - popularmente chamado de "coiotes".

A investigação da Polícia Federal e os depoimentos dos africanos apontam que uma extensa rede formada por brasileiros e cabo-verdenses está trazendo pessoas para o Brasil.

Modou Lo, de 31 anos, e Aliou Seck, de 28 anos, são primos de origem senegalesa, que já têm parentes em Fortaleza.

Ao relatar a travessia de Cabo Verde até o Brasil, Modou Lo contou que não faria nunca mais a viagem, pois ficou com medo de morrer. O senegalês diz sonhar em trazer o restante de sua família, porém prefere juntar dinheiro e pagar uma passagem de avião.

Alseny Diallo, de 31 anos, conta ter um primo residindo em São Paulo, que foi o responsável por fazer contato com um homem em Cabo Verde. O valor de 1 mil euros teria sido pago a esse intermediário. O senegalês diz que trabalhava como motorista e buscava no Estado paulista um trabalho melhor, além da possibilidade de estudar. "Só que passamos um mês e cinco dias no mar. Com 15 dias de viagem, a comida acabou. Foram os piores dias da minha vida", disse.

A viagem começou no dia 16 de abril, em Cabo Verde, onde o grupo já passou por situações degradantes. Sem condições adequadas de transporte e alimentação, os africanos ficaram expostos a maresia, sol e chuva, além de ter apenas dois biscoitos e um litro d'água por dia. No dia 14 de maio, houve problema no motor e quebra do mastro da vela, o que os deixou à deriva.

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Robério Chaves, a procedência do barco era do Haiti, porém não havia nenhum haitiano na embarcação nem a informação se de fato foi comprado no país caribenho.

Os brasileiros detidos, um do Rio Grande do Norte e o outro da Bahia, responsáveis pelo transporte, não tiveram a identidade revelada. Eles foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas ainda no domingo, 20.

Segundo os delegados, os brasileiros entraram em contradição em seus depoimentos. Um afirmou estar fazendo turismo no mar de Cabo Verde e já o outro disse que acabaram prestando ajuda aos africanos que estariam em um barco à deriva.

Sem precedente

O chefe da Delegacia de Imigração, Luis André Lima Almeida, não descartou a possibilidade de o Maranhão estar virando uma rota clandestina de tráfico de pessoas. Só que o caso tem caráter inédito no Estado. "Nos últimos dez anos, não temos relato de tamanha quantidade de pessoas tentando entrar irregularmente pelo Maranhão."

Nesta segunda-feira, 21, os africanos passaram por atendimento médico e fizeram exames. Todos estão com anemia. O grupo já foi atendido por uma equipe multidisciplinar da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, que identificou a vontade de os africanos permanecerem no País. O delegado Luis André informou que será aberto procedimento de repatriação ou pedido de refúgio aos africanos, dependendo da situação de cada um. As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Diego Emir, especial para o Estado)


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