São Paulo, 14 - Se, ao longo dos dias de domingo, a Avenida Paulista aberta para pedestres já se consolidou como uma opção de lazer para toda a cidade, ao anoitecer, quando o sol, a maior parte do público e a fiscalização vão embora, o que tem ficado ali é uma passarela livre para o comércio ambulante clandestino de bebidas alcoólicas, vendidas mesmo para adolescentes e com pagamento em cartões de débito e crédito.
Neste domingo, 13, fileiras de ambulantes transitavam livremente após às 17h. "O rapa (a fiscalização) até vem, toma toda nossa mercadoria, mas a gente precisa trabalhar, né?", disse à reportagem um ambulante de 39 anos, que negou vender álcool a menores.
Após o sol se pôr, o perfil dos frequentadores da Paulista muda. Saem famílias, casais e grupos de amigos mais velhos, ficam os mais jovens, interessados em esticar a noite e beber. Os focos - já conhecidos - são a esquina da Paulista com a Rua Augusta e o vão livre do Masp.
"A Paulista virou um vale-tudo. Pode se vender de tudo. Quem compra não sabe o que tem dentro dessas garrafas. É um problema de segurança, mas também de saúde pública. O comércio ambulante está totalmente fora de controle", diz a conselheira da Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César (SAMORCC) Célia Marcondes.
Artesãos
Os vendedores ambulantes regulares, que fazem comércio de artesanato, não gostam da concorrência. E reclamam de que a fiscalização não mira nos vendedores de álcool. "Ontem, veio o primeiro fiscal e eu mostrei minha autorização. Então veio o segundo, e mostrei a autorização. No terceiro, ele disse 'OK, você está autorizada, mas esses cabides, do jeito que estão, são irregulares. Vou apreender tudo'. Só não tive um prejuízo enorme porque as pessoas viram a cena e ficaram do meu lado", contou a ambulante Viviane Cristina Machado, de 42 anos.
O prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, disse que, só neste domingo, foram feitas 120 apreensões na Paulista.
O Estado de S. Paulo.
(Bruno Ribeiro).