São Paulo, 05 - No sábado, apenas dois dias após ser nomeado como novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Marcelo Vieira Salles foi a Diadema, no ABC, prestar solidariedade no velório do cabo Matias, morto com oito tiros. O ato simbolizou dois dos principais desafios do coronel ao assumir o posto mais importante da PM: estreitar a relação entre comando e tropa e combater a letalidade envolvendo policiais.
Ex-chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-5 (CPA/M-5), responsável pelo policiamento da zona oeste da capital, o coronel Salles é a primeira mudança do governador Márcio França (PSB) na cúpula da Segurança Pública. Com perfil de valorizar a polícia comunitária e os direitos humanos, ele substituiu o coronel Nivaldo Cesar Restivo.
A cerimônia da passagem de comando ocorreu ontem (4), na Academia do Barro Branco, zona norte. Antes de fazer um discurso emocionado, foi o próprio coronel Salles quem, do palanque, deu o comando à vontade à tropa para que os policiais em formação saíssem da posição descansar - um ato incomum em solenidades. Somos um só corpo e terão, neste comandante, o máximo de energia que São Paulo merece.
Embargou a voz ao cumprimentar o governador. Chorou e foi aplaudido ao falar do pai, o subtenente da reserva da PM Nelson Almeida Salles. Também citou São Tomás de Aquino e um texto atribuído ao ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt. Não é o crítico que importa.
Por sua vez, França adotou um discurso mais direto. A nomeação do comandante é menos importante que a atuação dos senhores a cada dia, disse. Por isso, eu gostaria muito que todas as pessoas, a imprensa de maneira especial, pudessem respeitar esse trabalho e pudessem poupar esses homens.
Letalidade. Em 2017, 877 pessoas morreram em supostos confrontos com PMs. Para comparação, o número de vítimas de homicídios comuns foi de 3.504 no ano. No primeiro trimestre deste ano, porém, houve queda de 11,5%. Já o índice de PMs mortos quase dobrou em 2018, passando de 7, entre janeiro e março de 2017, para 13.
O quadro é visto com muita preocupação, segundo Salles.
(Felipe Resk).