A Polícia Civil apreendeu na manhã desta quinta-feira, 26, em Arujá, na Grande São Paulo, um helicóptero que seria usado para o transporte de drogas e de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que detém o controle do tráfico no Estado e em outras regiões do País, e prendeu em flagrante três homens acusados de associação criminosa. Um deles é Rogério Almeida Antunes, o piloto do helicóptero do ex-deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (SD), flagrado em 2013 com 450 quilos de cocaína.
A investigação que terminou nas prisões teve início em novembro passado, em uma ação que tinha como alvo o traficante Gegê do Mangue, apontado como principal líder do PCC em liberdade, assassinado no Ceará em fevereiro a mando, segundo a polícia, de outra liderança do grupo, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, com o aval do líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Segundo o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Aldo Galeano, responsável pela operação, uma investigação em andamento na cidade do ABC, ainda no ano passado, que terminou com a apreensão de 600 quilos de cocaína que iriam para o porto de Santos, acabou por identificar, durante escutas telefônicas, que Gegê se preparava para viajar para o nordeste do País. A apuração foi que o traficante usaria o helicóptero apreendido nesta quinta e a aeronave passou a ser monitorada -- segundo o delegado, a partir dos hangares em que os pilotos costumavam usar para sua manutenção. Gegê, entretanto, usou outra aeronave para a viagem.
"Até aquele momento, não sabíamos da rixa dele com o restante da facção", diz Galeano.
As apurações terminaram após o assassinato de Gegê, quando ele e outro integrante da quadrilha, Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram mortos a tiros.
Entretanto, entre novembro passado e anteontem, o helicóptero havia desaparecido do monitoramento policial. "A aeronave foi para o Mato Grosso do Sul e, de lá, para o Paraguai. Pelos registros, pudemos identificar 50 horas de voo dela no País", continua o delegado. Nesta quinta, ao receberem a informação de que o helicóptero havia retornado, os policiais foram até o Hangar.
Prisões
Rogério Almeida Antunes, o piloto de Perrella, estava acompanhado de seu irmão, Leonardo Almeida Antunes, e de outro piloto, Luis Paulo Mattar Pereira. "Ele (Rogério) ia dar instruções de voo para os outros dois, ensinar eles a voar baixo para ficar fora da detecção dos radares", afirma Galeano.
A polícia terminou por concluir que o ex-deputado Perrella, que hoje é diretor de Desenvolvimento de Projetos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não tinha nenhuma ligação com as atividades criminosas praticadas por seu piloto.
Helicóptero
O helicóptero, ainda de acordo com o delegado, pertencia a Felipe Ramos de Morais, um prestador de serviços do PCC, de acordo com Galeano.
Morais, que segundo o delegado já é foragido da Justiça pela morte de Gegê, usaria um laranja, Fabio Pinheiro de Andrade Alvani, para adquirir aeronaves. "Já apreendemos três helicópteros dele", afirma -- além do desta quinta e daquele que levou Gegê, houve ainda uma aeronave apreendida ainda no ano passado, em São Caetano do Sul.
Alvani teria adquirido o helicóptero de uma empresa de participações que também é investigada. As três aeronaves apreendidas já haviam sido compradas e vendidas pela empresa. A polícia suspeita que a própria venda das aeronaves, feita por valores acima dos de mercado, fossem operações para lavagem de dinheiro. Alvani ainda é investigado, mas a polícia não fez ainda pedidos para sua prisão.
"O negócio do Gegê no Paraguai se tornou muito lucrativo. Isso criou um problema para eles (os traficantes).
A reportagem não conseguiu localizar defensores nem dos homens presos nem de Morais e Alvani.
(Bruno Ribeiro).