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Estado de Minas

''A festa nunca foi para o Miguel, era para o pai'', diz mãe de menino que não foi à própria festa de aniversário

Depoimento do pai viralizou em redes sociais; em entrevista ao Estado de Minas, a mãe conta versão dela da história


postado em 25/04/2018 13:38 / atualizado em 26/04/2018 07:31

Mara Gadelha com seu filho Miguel(foto: Reprodução/Facebook)
Mara Gadelha com seu filho Miguel (foto: Reprodução/Facebook)

A história da festa que Roberto Coutinho preparou para o filho Miguel, de 5 anos, viralizou em redes sociais. O filho não foi ao evento organizado pelo pai, que alegou que a mãe não permitiu por estar ''indisposta''. 

A mãe, Mara Gadelha, porém, tem outra explicação sobre o que foi relatado pelo pai. ''A festa nunca foi para o Miguel, era para o pai dele'', afirma. Mara conta que toda a situação foi causada por anos de ausência do pai. ''Fomos casados por quase 9 anos e, quando Miguel tinha 14 dias, nos separamos. Desde então venho falando com ele ‘cara, sou sua ex-mulher, mas você nunca vai ter um ex-filho'', relata.


''Nunca proibi ele de ver o filho, pelo contrário. O que eu queria é que o pai do meu filho o visse todos os dias'', conta. Mara relata que, desde que Miguel nasceu, o pai ficava meses sem tentar contato com ele e via Miguel ''duas ou três horas por mês. Não sei por que ele não vinha, mas sempre foi assim'', diz. 


De acordo com a mãe, que é filha de pais separados e diz que ''sofreu bastante'' com a situação, as faltas de Roberto não eram apenas em relação às visitas, mas também ocorriam financeiramente. ''Briguei muito para que ele cuidasse do filho e ele sempre foi muito permissivo, sempre falava que faria algo, mas nunca fazia'', afirma. Mara conta que, com um ano de vida, Miguel desenvolveu alergia a uma proteína do leite e que, desde então, precisa se alimentar de um leite especial. ''Ele ficou internado quatro dias, o pai só foi visitar um'', conta. ''Depois da alergia, eu gastava quase R$ 20 por dia para alimentar Miguel e quem me ajudava era a avó paterna, não o pai. Nesses quatro anos, ela me ajudou'', pondera. 



''A avó se sentia na obrigação de ajudar, fazer o que o filho não fazia'', desabafa. Mara diz que, com o tempo, a ausência do pai começou a afetar o filho. ''Ele não reconhecia o pai e eu falei com o Roberto, 'seu filho vai crescer e não vai saber quem é você''', conta. A situação mudou, de acordo com ela, quando conheceu o atual marido. ''A relação que ele desenvolveu com meu filho é muito boa, e foi aí que Roberto quis se manter mais presente'', diz. 

A mãe relata que, desde então, ela e Roberto Coutinho firmaram um acordo informal para que o pai ficasse com o filho a cada 15 dias, ''mas sempre deixei claro que, se ele quisesse passar aqui em casa para ver o filho durante a semana, poderia''. 

Quando o menino passou a se alimentar de outros produtos que não fossem apenas o leite especial, Mara disse que precisou recorrer ao pai. '''Preciso que você me ajude', eu disse. É muito frustrante ter que pedir dinheiro emprestado porque eu não tinha como dar um lanche para ele'', lamenta.

'''Agora vai', pensei'', relata Mara. De acordo com ela, firmou-se um acordo de que, a cada 15 dias, o pai teria que prover alimentos para o filho. ''Ele vinha visitar o filho a cada 15 dias, realmente, mas não trazia comida. Quando trouxe, depois de muito tempo, foram três hambúrgueres, quatros nuggets, quatro pacotes de miojo e dois pacotes de biscoito'', explica. 


Pensão alimentícia 


De acordo com ela, em fevereiro deste ano o pai disse que queria ''fazer uma festinha'' para o filho. ''Eu também tinha uma festa programada, então pensei ‘claro, meu filho terá duas festas!'', afirma. Na época, também estava começando o período letivo e, Mara diz, ''ficou combinado'' que ela compraria roupas e o pai seria o responsável pelo material escolar. ''Ele concordou e, mais uma vez, descumpriu'', relata. ''Então, desisti. Eu via o meu marido, que não tem a responsabilidade de fazer isso, trabalhando para ajudar a criar o Miguel e o próprio pai não'', desabafa. 

''Tentei, novamente, combinar com ele para que a cada 15 dias trouxesse comida para o filho. ‘Se o seu filho dependesse disso, ele estaria desnutrido’, falei com Roberto''. No dia 11 de abril, de acordo com ela, uma oficial de justiça do Rio de Janeiro entrou em contato, solicitando o comparecimento no Fórum. ''Ela me pediu que eu entregasse os ofícios no trabalho dele para que o dinheiro da alimentação fosse descontado da folha de pagamento'', afirma. ''Conversei com o coordenador jurídico da empresa e vi o Roberto. Ele sabia porque eu estava ali, mas não conversamos'', relata.


A festa

Roberto Coutinho e sua atual mulher na festa(foto: Reprodução/Facebook)
Roberto Coutinho e sua atual mulher na festa (foto: Reprodução/Facebook)

''Como pode um pai armar uma festa para o filho, mas que se nega a receber um ofício que vai descontar 20% do seu salário para a alimentação dele?''. De acordo com a mãe, nesse momento ela chegou a conclusão de que ''a festa não é para o meu filho''. Mara conta que, até então, estava acordado de que Miguel iria na festa, mas ela, mesmo que convidada, não. Depois de entregar o documento na empresa onde o ex-marido trabalha, Mara afirma ter recebido duas ligações que ''não pôde atender'', mas afirmou que conversou com Roberto quando chegou em casa. ''Já que agora tenho que pagar pensão, temos que conversar sobre quando vou ver o Miguel'', disse o pai, de acordo com a mãe. Na semana da festa, a mãe conta que Roberto disse que levaria o filho para comprar roupas, mas que ele afirmou: ''as roupas vão ficar comigo depois que ele usar''. 

''Comecei a passar mal, minha pressão subiu'', explica. No sábado, dia em que a festa estava programada para acontecer, a mulher afirma que ligou ''duas ou três vezes'' para Roberto, mas que ele não atendeu. Às 8h, horário acertado para o pai buscar a criança, ele teria ligado para Mara. ''Roberto, não estou me sentindo bem, não quero discutir, não estou me sentindo disposta. Queria que você pedisse o adiamento da festa'', relata. ''Com ou sem Miguel, vai ter a festa'', respondeu Roberto, de acordo com a mãe. 

Repercussão


Depois de quase 40 mil compartilhamentos e 93 mil curtidas, Mara Gadelha diz estar ''indignada'' e que ''queria proteger o meu filho do ridículo''. ''Muita gente falando que foi uma maldade, meu telefone está travado, uma enxurrada de mensagens'', afirma Mara. 

''Não estou arrependida do que fiz, tenho quatro anos de motivos'', afirma a mãe. Ela relata que recebeu desde ameaças de morte até mensagens de apoio. ''Vou providenciar medidas judiciais. É muito doído ver o que as pessoas estão falando sobre a sua vida. Não queria meu filho exposto'', lamenta. 

De acordo com a mulher, ela compareceu, ontem, a uma delegacia para ''providenciar as medidas cabíveis''. 

Procurado pela reportagem, Roberto Coutinho afirmou que só daria declarações após conversar com sua advogada sobre o caso. 
 
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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