CUIABÁ, 06 - Depois de mais de quatro horas de voo, 66 venezuelanos, entre eles 16 crianças (sendo dois bebês de colo), desembarcaram nesta sexta-feira, 6, no Aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá, trazidos pelo programa interiorização de imigrantes. A iniciativa, da Agência das Nações Unidas para Refugiados e do governo federal, tenta desafogar a capital Boa Vista (RO), que tem sido a principal porta de entrada no Brasil de venezuelanos que saíram dos seu país por causa da crise econômica e política.
Eles foram transportados no voo 767 da Força Aérea Brasileira (FAB). Inicialmente estava previsto que Cuiabá receberia entre 80 e 100 imigrantes, entretanto ao chegarem no aeroporto muitos decidiram seguir viagem para São Paulo. Apesar do cansaço, os venezuelanos que desembarcaram no aeroporto estavam otimistas e curiosos. Rosa Gonzalez veio com o marido e dois filhos adolescentes, de 19 anos e 17 anos. Ela contou que chegou ao Brasil há três meses. "Gosto muito do meu país e sonho ainda voltar, mas agora não tinha como ficar. Há escassez de alimentos e está muito ruim", disse.
Giomar Nelson Urbaneja Gutierrez, de 48 anos, chegou com o filho Victo Manuel Jimenez Gutierrez.
Dois ônibus do Exército e um caminhão com a bagagem foram usados para transportar as famílias venezuelanas até a Pastoral do Migrante, localizada num bairro distante do centro. No local, atualmente estão morando 27 haitianos. O local é amplo e arborizado. Além de uma cozinha industrial espaçosa, a casa de passagem tem refeitórios, banheiros, e quartos suficientes para acomodar com conforto as famílias, disse o padre Pedro Freitas Rodrigues, diretor da pastoral.
A proposta da interiorização de venezuelanos é levá-los para cidades que tenham trabalho para ofertar a demanda de venezuelanos que entram no Brasil em busca de emprego, já que, em Roraima, o setor industrial é praticamente inexistente e a economia é baseada no serviço público. Em Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Assistência Social, Monica Camolezi, disse que já estar em contato com prefeituras que se disponham a participar dessa ação humanitária.
Segundo o secretário de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Wilton Coelho, em Cuiabá as famílias terão acesso ao mesmo sistema de assistência ofertados para os brasileiros.
O voo foi acompanhado por servidores do governo federal e por um oficial da ONU, Paulo Sergio de Almeida. Segundo ele, antes de deixarem Roraima, os venezuelanos passaram por regularização migratória junto à Polícia Federal - por meio de solicitação de refúgio ou de residência temporária. Também foi verificada a adequação do perfil dos abrigados à localidade de destino.
O programa de interiorização foi a estratégia encontrada para desafogar a capital Boa Vista. Segundo dados da prefeitura, imigrante venezuelanos representam mais de 10% da população da cidade. Ainda de acordo com a prefeitura a migração começou em 2015, e continua aumentando em 2018.
(Fátima Lessa, especial para o Estado).