O brasileiro Jonatan Moisés Diniz, de 31 anos, que ficou 11 dias detido na Venezuela, confirmou ontem ao Estado que viajou ao país com intenção de ser preso para promover sua ONG, Time to Change the Earth. "Só um burro acharia que eu não seria preso", disse. Em entrevista, ele declarou que já esteve internado com problemas psiquiátricos. "Fui internado porque tenho uma mediunidade", disse. "Uma prisão de 11 dias na Venezuela não é nada comparado às minhas internações." A seguir, trechos da conversa de Diniz com o jornal
O Estado de S. Paulo
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Por que você decidiu ir para a Venezuela para ser preso?
Quando vim pros EUA, não sabia se voltaria. Decidi ir para a Venezuela mesmo sabendo que era perigoso. Cruzei vários países de ônibus.
Por que você quis ser preso?
Primeiro, quero dizer que me prenderam mesmo. Eles me colocaram na cadeia e eu não sabia quando sairia. Eles me chamaram de terrorista da CIA e eu nem sabia do que era acusado. No tempo em que fiquei na prisão, não sabia o que estava acontecendo. Dizem que tive sorte de ficar só 11 dias na cadeia, mas não acho que tive sorte. Eu fui pra Venezuela com o meu dinheiro. Eu sabia que seria preso.
Por que você revelou o plano?
Relatei porque tenho respeito pelas pessoas. Eu quis mostrar que minha vida não vale nada em comparação ao sofrimento das crianças que estão morrendo na Venezuela. Eu não quero me promover.
Você ficou chateado com as críticas por você ter provocado a prisão?
Não. Eu entendo de psicologia humana. Sabia que isso aconteceria. As pessoas que estão me criticando são as mesmas que estão interessadas em política. Não sou Deus para criticar ninguém. Enquanto me xingam de playboy, de filhinho de mamãe, ninguém sabe o perrengue que passo para ajudar aos outros. Quem me chama de oportunista não sabe da minha vida.
O que você achou das críticas do MBL, que o comparou a Maduro e o chamou de mentiroso?
Não conhecia esse grupo. Falei com uma pessoa do MBL pelo WhatsApp. Ela me contou que o MBL tentou me ajudar.
Você realmente teve problemas psiquiátricos?
Sim. Foram seis internações. Quatro vezes, em 2012, e duas, em 2015. Fui internado porque tenho uma mediunidade. Eu estudo tudo o que é religião, cultura, filosofia. Eu sou médium. Recebo mensagens. Mas sempre disse que ser um médium famoso é fácil. Difícil é ser um médium desconhecido. Já me chamaram de bipolar, de esquizofrênico. A prisão de 11 dias na Venezuela não é nada comparada às minhas internações. Vocês não sabem o que é sofrer no hospital. Na cadeia, pelo menos, ninguém me segura e me injeta drogas à força. Nunca queira ir para um hospício, porque aquilo sim é um inferno.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Rodrigo Turrer e Murillo Ferrari).