Gentileza, educação e elegância são palavras recorrentes em todos os relatos sobre Evaristo de Oliveira. Graças ao requinte inegável e à amabilidade constante, os amigos lhe deram o apelido de “lorde”. Circulava bem-vestido, sempre com um sorriso cortês, que cativava funcionários e alegrava a família. Evaristo morreu ontem, aos 72 anos, mas deixará a marca do empreendedorismo por trás do sucesso do Correio Braziliense, a empresa à qual se dedicou durante 52 anos. O vice-presidente executivo do jornal deixa a mulher, Regina, com quem era casado havia 40 anos, dois filhos, Guilherme e Gabriela, além de quatro netos, Gabriel, Bernardo, Calvin e Sofia. A morte ocorreu em decorrência de complicações de uma crise cardíaca.
Goiano de Luziânia e sempre orgulhoso de suas origens, Evaristo construiu a história bem-sucedida na capital federal. Pioneiro, ele chegou à cidade em 1965, mas sua relação com Brasília começou quase uma década antes. Ainda menino, assistiu à movimentação de operários e de máquinas que desembarcavam na região para consolidar o sonho de Juscelino Kubitschek.
O encanto infantil com o projeto da nova capital o levou a se aventurar pela cidade em 1965. Ele foi morar em Taguatinga, onde fez amigos que cultivou com dedicação durante toda a vida. No mesmo ano, o jovem de 19 anos encontrou nas páginas dos classificados do Correio um anúncio que seria sua porta de entrada para a empresa, à qual se dedicou durante mais de cinco décadas. Conseguiu o primeiro emprego como datilógrafo, quando ainda cursava o antigo científico.
Ciente de que precisava de um diploma para crescer na empresa e melhorar de vida, Evaristo cursou ciências contábeis no UniCeub. “Descobri minha vocação”, relembrou, muitas décadas depois. “Sempre gostei dos números e encantei-me pela precisão da contabilidade”, justificou Evaristo, em outra entrevista.
“O Evaristo era meu companheiro de mais de 50 anos de dedicação ao grupo. Começamos praticamente juntos, fizemos nossa carreira paralela, mas sempre juntos. Ele com o tratamento de cavalheiro comigo e com todos os companheiros. Era uma pessoa que levava a vida com métodos, e com lhaneza no trato com todos nós.
“Ele tinha 52 anos de carreira no Correio, e eu 51 anos de Estado de Minas e Correio. Começamos praticamente juntos, fomos eleitos para o condomínio juntos. Tivemos uma carreira praticamente juntos. Sempre houve um respeito mútuo. Ele era um companheiro muito leal. Lamento muito perder um companheiro que tinha tanto a contribuir ao grupo e aos companheiros”, diz Álvaro.
Taguatinga
Amigo há mais de cinco décadas, José Antônio Ramalho conheceu Evaristo em Taguatinga nos anos 1960. O visual dos jovens à época era blusa justa e calça boca de sino. “Desde aquela época, ele já era muito elegante.
Os problemas sociais também eram motivo de inquietude para Evaristo, que tinha uma real preocupação com a área social do país e também dentro da empresa. Na visão de Evaristo, uma folha de pagamento era mais importante do que qualquer investimento. Era convicto de que o capital humano e intelectual é a parte mais importante de um negócio. Além da visão equilibrada sobre investimentos, Evaristo tinha uma imensa responsabilidade ética por estar no meio jornalístico.
A partir do relato dos amigos, Evaristo era um cidadão republicano, inquieto com as questões sociais. Flamenguista apaixonado, tinha uma visão de que a família é a célula mater da sociedade, cuidava dos filhos, dos netos e dos sobrinhos, sempre atento a todos. A existência de Evaristo era pela fidelidade, pela ética, pela transparência. Era amado por todos os amigos. Sempre soube compartilhar. Ao mesmo tempo, sabia cobrar, mas também sabia delegar e descentralizar..