São Paulo, 18 - Modelo de educação profissional e média no País, os institutos federais de ciência e tecnologia têm sofrido com a redução de verbas. Dos R$ 565 milhões previstos para investimento neste ano, só R$ 339,4 milhões (60%) foram liberados pelo Ministério da Educação (MEC) até o último dia 10, o que tem feito unidades deixarem de abrir vagas e cursos. Com recursos menores também para custeio, os institutos recorrem a equipamentos doados e cortes de funcionários terceirizados para manter as aulas.
Durante todo o ano de 2014, quando o MEC iniciou uma expansão dos institutos, o montante empenhado em investimentos foi bem maior, de R$ 1,38 bilhão, em valores corrigidos pela inflação. De lá para cá, o total de câmpus da rede subiu de 578 para 644 em todos os Estados do País. Segundo o MEC, somente será possível apontar queda de recursos quando os repasses do ano estiverem fechados.
No momento em que o MEC discute ampliar a educação profissional, com a reforma do ensino médio, os institutos são considerados referência e possibilidades de apoio para a oferta de ensino médio junto do técnico. Os institutos também têm cursos de graduação e de pós.
O Instituto Federal de São Paulo (IFSP) adiou - e não tem previsão para concluir - a terceira fase de expansão no interior e na região metropolitana, em cidades como Marília, Bauru e Carapicuíba. Pró-reitor de administração, Silmário da Silva explica que não foi possível construir ginásio, restaurantes e auditórios na maioria das 36 unidades. "Reduzimos o número de pessoas que fazem limpeza, vigilância, manutenção e apoio administrativo.
Aluna do 3º ano do curso técnico de Informática, Rebecca dos Santos diz sentir os efeitos da crise. "Antes, limpavam os banheiros com mais frequência. E o valor da refeição no bandejão aumentou de R$ 3,50 para R$ 5 e o da bolsa para auxílio-alimentação continua o mesmo", reclama ela, de 17 anos.
Restrições
O Instituto Federal do Rio Grande do Sul tem 17 câmpus - cinco criados há menos de três anos. "Os mais recentes foram mais afetados porque não há recurso para o investimento que havíamos previsto", diz o reitor, Osvaldo Pinto.
É o caso do câmpus Alvorada, na Grande Porto Alegre. Era previsto abrir 1,2 mil vagas e a oferta de cursos, como o técnico de Enfermagem, uma demanda da população. Sem recurso, a unidade tem 250 alunos e a Enfermagem ainda não saiu do papel.
Maísa de Lima, de 15 anos, cursa o 1.º ano do curso técnico de Áudio e Vídeo em Alvorada.
Na unidade, o laboratório de fotografia para os cursos técnicos e de graduação recebeu doação de equipamentos de professores. Os dois de informática também foram doados. Não há telefones fixos - só celulares institucionais para cortar custos.
Sem aval do governo para abrir concurso, o câmpus Colinas do Instituto Federal do Tocantins lançou, em julho, edital para docentes voluntários. Cinco técnicos da unidade foram selecionados para dar aula de Biologia e Matemática no ensino médio. "São servidores com ótima qualificação, alguns com mestrado." Eles mantêm o salário de técnico, mas não receberão pelas classes.
Quando o câmpus foi criado, a previsão era ter 1,4 mil alunos até 2019.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Isabela Palhares).