São Paulo, 27 - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), quer executar um projeto de revitalização do centro com bulevares e duas linhas turísticas de Veículo Leve Sobre Pneus (VLP). A Prefeitura prometeu entregar os modais até 2020, sem cobradores e com cobrança de tarifa por celular. Mas especialistas já criticam a falta de debate da proposta com a sociedade. O projeto ainda precisar de análise e aval da Câmara Municipal.
Elaborado pelo escritório Jaime Lerner, a gestão Doria afirma que o projeto foi oferecido à administração por um termo de cooperação técnica com o Sindicato da Habitação (Secovi). O prefeito ressaltou, porém, que o Centro Novo é analisado por diversas secretarias desde o primeiro semestre e a execução "é uma decisão de governo". O projeto prevê ainda polos de economia criativa e verticalização de áreas - como o entorno da Avenida Rio Branco.
Segundo Doria, o plano será executado em oito anos. Para o desenvolvimento das intervenções, a gestão tucana vai recorrer a financiamentos de bancos privados. A administração também projeta que, caso seja aprovado pelo Legislativo, o Fundo Mobiliário com recursos da venda de imóveis municipais será utilizado para bancar a proposta de revitalização.
A administração municipal também vai enviar à Câmara uma proposta com alterações na Operação Urbana Centro, aumentando os coeficientes para a construção de prédios na região central.
De acordo com a secretária, o desafio do projeto será "atrair a classe de renda média". Conselheiro da gestão Doria em desenvolvimento urbano e ex-presidente do Secovi, Claudio Bernardes diz que a operação poderá render cerca de R$ 1 bilhão de arrecadação apenas com a venda do potencial construtivo para as construtoras.
Doria quer entregar as duas linhas de Veículos Leves Sob Pneus (VLP) em três anos. De acordo com o prefeito, os veículos da Circular Centro serão elétricos e não terão cobradores. O projeto prevê integração com o sistema de transporte público e linhas no sentido horário (6 km e 18 paradas) e anti-horário (7,7 km e 19 paradas). "As duas linhas vão contemplar pontos de interesse da cidade e privilegiar a conexão entre as estações de metrô, ônibus e trem", afirma o secretário de Transportes e Mobilidade, Sergio Avelleda.
Debate público
Integrante do Conselho Municipal de Política Urbana, os urbanistas Valter Caldana e Mauro Callieri criticam o fato de o projeto não ter sido apresentado preliminarmente ao grupo.
Ele ressalta que o plano ainda precisará do aval de vários conselhos, incluindo o do patrimônio, que terá poder de veto. "Outros conselhos têm caráter consultivo, como o de política urbana. É importante que esse conjunto de diretrizes apresentados seja colocado em discussão para que tenha apoio da sociedade", afirma.
Mestre em Urbanismo, Callieri cita ainda a necessidade de avaliação do conselho participativo da região central. "Ter a garantia de que passou por várias instâncias às vezes dá mais trabalho, mas certamente aumenta a velocidade de implementação depois", finaliza. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Juliana Diógenes).