São Paulo, 23 - Ritmos musicais vão ganhar endereço fixo em São Paulo. A gestão João Doria (PSDB) quer tirar do papel as quatro primeiras Ruas Musicais até o fim do ano, com shows de bandas ao ar livre aos domingos e feriados. Na pauta do projeto estão o choro, o reggae, o samba-rock e o pagode. Em busca de parceiros privados, a proposta discute até a criação da Rua do Karaokê, na segunda etapa do programa, com banda contratada para acompanhar quem quiser subir no palco e soltar a voz.
Previsto no Plano de Metas, o programa Ruas Musicais resgata uma iniciativa da década de 1980, implementada pelo próprio Doria, então presidente da Paulistur, empresa municipal de fomento ao turismo. Na época, a cidade chegou a inaugurar espaços como a Praça do Forró, na zona leste, e a Rua do Choro, em Pinheiros, mas a medida perdeu força ao longo dos anos.
Um novo projeto está em fase de estudo pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação. Vamos implementar quatro até o final do ano, nas regiões norte, sul, leste e oeste, afirma o secretário Jorge Damião, titular da pasta. Cada rua terá uma entidade responsável tomando conta. A curadoria passa a ser deles.
Segundo Damião, Pinheiros, na zona oeste, voltará a ter uma Rua do Choro, a exemplo dos anos 1980.
Queremos aproveitar a vocação de cada lugar, explica o secretário Damião. A Rua do Reggae, por exemplo, ficará no Butantã, onde já há eventos do gênero. Na Praça Benedicto Ramos Rodrigues, em Ermelino Matarazzo, na zona leste, será criada a Rua do Samba-Rock. Ela já é reservada para o Ruas Abertas, mas tem domingo que fica sem evento. Nós queremos oficializar, virar uma referência do samba-rock, diz o prefeito regional Arthur Xavier.
Na zona norte ainda não há um local favorito.
As vias serão interditas e um palco ficará montado das 11 às 17 horas. No modelo idealizado pela Prefeitura, os eventos devem ser organizados por empresas privadas, que pagarão por equipamento de som, equipes de segurança e cachê de uma banda principal. A gestão estima que cada evento custe cerca de R$ 20 mil. A infraestrutura, como bloqueio do tráfego, ficam a cargo da Prefeitura.
Em troca, o município estuda oferecer espaço de propaganda e permitir a comercialização de alimentos e bebidas nas Ruas Musicais, autorizando, por exemplo, a exploração de food trucks. Tudo dentro do limite da legislação, diz Damião.
Karaokê.
Mais duas ruas devem ser incluídas depois no programa. Uma delas, um karaokê a céu aberto na Liberdade, na região central, que concentra estabelecimentos do tipo.
A meta da Prefeitura é ter ao menos 80 Ruas de Lazer, incluindo as seis Ruas Musicais, em funcionamento até o fim da gestão. Atualmente, apenas 22 dessas vias estão ativas. No Plano, a proposta está relacionada ao objetivo de aumentar em 20% a taxa de atividade física da cidade. As pessoas vão dançar, vão cantar e, de alguma forma, transformar lazer em atividade física.
Para o urbanista Lucio Gomes Machado, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), o projeto é interessante. Quanto mais animação, menos se degrada e mais se desenvolve a região, diz. O especialista, contudo, acredita que o centro deveria ser incluído já na primeira fase. Há ruas que estão preparadas para eventos assim, mas estão vazias.
Já a urbanista Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo, teme conflito com moradores por causa do barulho. Melhor seria se houvesse variação de ruas e datas, sugere.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Felipe Resk e Juliana Diógenes).