Sorocaba (SP), 22 - Uma menina de 7 anos morreu afogada após ter os cabelos sugados pelo ralo de uma piscina em um hotel do Balneário Camboriú, litoral catarinense, no último domingo (16). A família da vítima, Rachel Rodrigues Novaes, pretende processar o estabelecimento que, consideram, foi negligente ao não instalar um sistema antissucção no ralo da piscina e também por não manter um monitor no local em que se encontravam várias crianças. Foi uma irresponsabilidade do hotel e eles terão de responder por isso. Já pegamos um advogado para cuidar do processo, disse a avó da menina, Silvia Leite Rodrigues.
A família, que mora em Guarujá, litoral de São Paulo, ainda não se conforma com a morte. Segundo a avó, mãe e filha tinham viajado no fim de semana com uma excursão direcionada a um parque de diversões de Camboriú e se hospedou no Sanfelice Hotel. Quando se preparavam para retornar, elas decidiram aproveitar a estrutura de lazer do estabelecimento. Rachel brincava na piscina infantil, que é coberta e aquecida, quando mergulhou e ficou com o cabelo preso no ralo. A piscina tinha 60 centímetros de profundidade e outras mães que estavam no local perceberam que a menina se debatia.
Quando conseguiram soltá-la, ela já estava desfalecida.
O corpo de Rachel foi sepultado na segunda-feira, 17, no Guarujá. A Polícia Civil de Camboriú abriu inquérito para apurar o caso. O dono do estabelecimento será indiciado por homicídio doloso, sem intenção de matar.
O Corpo de Bombeiros de Camboriú informou em nota que uma lei estadual de 2016 exige que as piscinas de uso público ou comum sejam dotadas de dispositivos antissucção, mas a medida atinge apenas as piscinas construídas a partir da data da lei.
A prefeitura da cidade catarinense informou, em nota, ter interditado a piscina do hotel Sanfelice após o afogamento da menina para evitar eventual repetição do acidente. A medida foi tomada com base na lei municipal 3.908/2016, que determina a obrigação de clubes, hotéis e academias instalar dispositivos que interrompam o processo de sucção em piscinas de uso coletivo. A piscina do hotel não possuía tal dispositivo, segundo a nota.
O advogado do hotel Sanfelice, Luiz Eduardo Cleto Righetto, disse que a Instrução Normativa 33 do Corpo de Bombeiros local não exige a presença de salva vidas ou monitor em piscinas como a do hotel, mas apenas a presença de adultos, sejam os pais ou outras pessoas. No caso, como é sabido, a mãe da criança e a avó estavam no local, além de outras mães, disse. Com relação à sucção, ele disse que o Corpo de Bombeiros deu alvará para o hotel por entender que o estabelecimento não estava sujeito à regulamentação posterior. Embora haja agora uma legislação, não foi solicitado ao hotel que instalasse o sistema.
O advogado disse que a direção do hotel se solidariza com a dor da família, mas não pode ser responsabilizado por uma fatalidade. Só após o ocorrido, diante da repercussão do caso, a prefeitura notificou o hotel para instalar o sistema antissucção, dando ainda um prazo de 30 dias.
(José Maria Tomazela).