O dado se justifica, segundo especialistas, pelo fator genético envolvido no aparecimento da doença. Isso porque pessoas com genes que as predispõem a desenvolver o tumor podem ter o câncer mais jovens, mesmo tendo passado por menos episódios de exposição ao sol.
Geralmente pessoas de pele muito clara e com muitas pintas no corpo têm essa predisposição. Elas costumam ter a doença aos 30 ou 40 anos. Mas, mesmo nos casos em que há esse fator genético, o sol é um importante desencadeador, explica João Duprat, cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Oncologia Cutânea do A.C. Camargo Cancer Center.
A coordenadora de Marketing Priscila Silva Costanzo, de 33 anos, preenche todos esses requisitos e acabou recebendo o diagnóstico da doença quando tinha apenas 28 anos. Ruiva, com muitas sardas e pintas pelo corpo e pele clara, ela dava pouca importância ao filtro solar na adolescência.
Essa exposição intermitente, ou seja, situações em que a pessoa aproveita só o fim de semana ou o verão para tomar muito sol sem proteção, é a mais perigosa, segundo Duprat, porque pode gerar queimaduras e aumentar o risco de câncer. A pessoa fica a semana inteira dentro do escritório e depois quer compensar em pouco tempo.
O fator genético também mostrou-se presente no caso de Priscila. Em 2005, sete anos antes da descoberta da doença, o pai também teve melanoma. Foi por causa da doença dele que eu desconfiei que poderia ter. Notei uma pinta estranha no meu braço, que começou a crescer e a descascar. O médico achou que não era nada, mas pediu a biópsia e descobri que era melanoma também. Foi um choque na família porque apareceu muito cedo, diz.
O diagnóstico de melanoma assusta porque é o tipo de câncer de pele mais propenso a provocar metástases. Quando descoberto em estágio avançado, pode se espalhar para órgãos como fígado, pulmão e linfonodos e levar à morte. Como Priscila descobriu o tumor no início, a simples remoção cirúrgica da lesão a curou, mas há casos em que são necessários tratamentos adicionais, como quimioterapia e imunoterapia.
Embora seja um câncer agressivo, o melanoma costuma demorar algum tempo até provocar estrago. O período varia muito, mas ele costuma evoluir em dois ou três anos, ou seja, tempo suficiente para que as pessoas notem algo estranho e procurem um médico, afirma Duprat. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..