São Paulo, 03 - A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual identificaram 1.001 detentos que seriam os "gerentes" do Primeiro Comando da Capital (PCC), responsáveis por cartas com ordens, decisões e pagamentos em nome da facção no Estado. Os investigadores chegaram à lista durante o inquérito que apurou o envolvimento de advogados com a organização criminosa.
A apuração mostrou ainda que a facção destinava cerca de R$ 6 milhões anualmente para pagamentos aos advogados. O valor mantinha a chamada "sintonia dos gravatas" ou "célula R", como passou a ser chamado o grupo que passava por uma "reestruturação organizacional" neste ano.
As informações estão no relatório final da investigação da polícia apresentado à Justiça, e obtido pela reportagem. A investigação levou à deflagração da Operação Ethos no dia 22 de novembro, que resultou na prisão de 33 advogados suspeitos de colaborar com o PCC em crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção. Entre os presos está o ex-conselheiro de Defesa de Direitos Humanos Luiz Carlos dos Santos.
No topo da lista dos gerentes está Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que atende pelo número 1.013, o que virou um dos seus apelidos na liderança da organização. A numeração também serviria como assinatura de cartas com ordens visando a proteger a identificação dos envolvidos. Uma planilha interceptada no âmbito do inquérito policial mostrou quais numerações correspondiam a cada detento.
"A análise pelos investigadores de polícia de milhares de cartas interceptadas levam à conclusão objetiva de que a decisão final da ação da organização decorre de pessoas que assinam por essas siglas. Essas pessoas efetivamente ocupam uma função análoga a um verdadeiro conselho deliberativo, um organismo máximo na facção que efetivamente decide em nome do Primeiro Comando da Capital (PCC)", detalhou o documento.
Célula
De acordo com o relatório, a célula R, criada inicialmente para prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos líderes da facção, evoluiu "da licitude para a ilicitude blindada pelo sigilo constitucional do advogado".
Planilhas interceptadas pelos investigadores mostraram que o grupo passava por uma reestruturação e planejava um novo modelo para 2016. Isso incluiu a transformação da antiga "sintonia dos gravatas" em uma célula dividida, com presidente, diretoria administrativa e até "diretoria de relações institucionais". À frente da célula R estaria Valdeci Francisco Costa, que se autointitulava o diretor-presidente. Foi ele que, segundo a polícia, ficou responsável por adotar um novo modelo de atuação da célula, incrementando protocolos de segurança e "criando uma estrutura orgânica de feição empresarial".
Apontado como homem de confiança de Marcola, Costa tinha a missão de reformular a "sintonia dos gravatas". Mas foi preso no dia 28 junho. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..