Sorocaba, 21 - Quatro antigos hospitais de isolamento do Estado de São Paulo tiveram as instalações tombadas pelo órgão de defesa do patrimônio paulista. A medida, divulgada nesta segunda-feira, 21, atinge a colônia de hansenianos de Pirapitingui, em Itu, e a colônia Cocais, em Casa Branca, ambas no interior, e ainda o asilo colônia Santo Ângelo, de Mogi das Cruzes, e o Preventório Santa Therezinha do Menino Jesus, de Carapicuíba, ambos na Grande São Paulo.
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O tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) foi deliberado após a conclusão dos estudos técnicos sobre os remanescentes da rede paulista para tratamento da hanseníase - os antigos leprosários. A rede foi construída com base no modelo hospitalar de isolamento, adotado em vários países do mundo no final do século 19. Em muitos casos, os doentes eram levados à revelia da família para a internação compulsória.
Além dos pavilhões de tratamento, os asilos tipo colônia foram idealizados para se autossustentarem, tendo o menor contato possível com o mundo externo. Os espaços e edificações atendiam às necessidades diárias daqueles que viviam reclusos, desde a assistência religiosa, com igrejas e templos de várias religiões, passando pelo lazer em teatro, cinema, quadras, campos de futebol, até o acesso à produção de padarias e pequenas fábricas instaladas no interior do complexo.
Atualmente, esses asilos ainda funcionam como instituições ligadas à saúde. O de Mogi das Cruzes virou centro de reabilitação para dependentes químicos e o de Casa Branca, para pacientes com transtornos psiquiátricos. Em Itu, ainda é feito o tratamento de hansenianos. Para Amanda Caporrino, da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura do Estado, os tombamentos representam uma ampliação do conceito de bem cultural.