São Paulo - O Brasil é o país mais perigoso do mundo para transportar dinheiro em carros-fortes e guardá-lo em empresas de segurança. A afirmação é da Associação Brasileira de Empresas de Transporte de Valores (ABTV). Ela é baseada nos últimos ataques de criminosos feitos com o uso de armas potentes, como fuzis e metralhadoras calibre .50 - capazes de derrubar helicópteros -, explosivos e estratégia de guerra, que levaram cerca de R$ 140 milhões em ao menos quatro ações.
"É um fato. Você não ouve relato desse tipo de assalto no resto do mundo. Tanto a carro-forte quanto a bases das empresas", disse Marcos Paiva, presidente da ABTV.
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Grupo bloqueia rua e rouba carro-forte na zona leste de SPBando fecha rodovia para roubar carro-forteQuadrilha fecha a Anhanguera para explodir carro-forteA reportagem visitou uma empresa de transporte de valores.
Outro detalhe é que a espessura da porta dos cofres foi bastante reforçada, com muitas camadas de aço. E se os criminosos ainda conseguirem passar por todas essas barreiras, que incluem pontos estratégicos com escudos que suportam tiros de calibre .50, os locais onde fica o dinheiro ainda têm máquinas de neblina, além de módulos de uma espuma de poliuretano, que isola o cofre com uma camada muito grossa, que só é possível retirar três dia após o uso.
"Esse investimento todo visa a não só a proteção do dinheiro, mas também a do nosso funcionário", disse Paiva.
Ele defende um investimento maior no setor de inteligência das polícias e mais compartilhamento de informações. "Não podemos esperar a onda de assaltos passar. Não basta apenas reagir quando o crime acontece. É preciso investir em inteligência para prender o bandido antes. A Polícia Civil fez isso há dois meses, antecipou-se e apreendeu uma grande quantidade de armas pesadas."
Crimes
A sequência de ataques às empresas de transporte de valores começou em março, na sede da Protege, em Campinas; depois, em abril, na Prosegur, em Santos; em julho, também na Prosegur, em Ribeirão Preto.
Segundo a apuração do Departamento de Investigações Criminais (Deic), as ações foram coordenadas pelos mesmos mentores. Antes negada pela Secretaria da Segurança Pública, a polícia investiga a participação de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos crimes, conforme o Estado revelou em julho.
Para a polícia, os ataques cessaram após a ação em Santo André, graças às prisões de nove suspeitos pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcóticos (Denarc) e a apreensão de várias armas, incluindo um fuzil .50.
Em nota, a Secretaria da Segurança afirmou que as polícias tomaram todas as providências necessárias para reprimir os assaltos. "Causa estranheza a declaração do presidente da associação, que participou de diversas reuniões do grupo de trabalho composto por integrantes da SSP, polícias Civil e Militar e seis representantes da ABTV." A pasta diz que um encontro com associação - já agendado - poderá ser revisto após as declarações de Paiva. .