São Paulo, 23 - A criação do chamado Parque Augusta segue indefinida. Na segunda-feira, 22, em mais um episódio da longa novela sobre o terreno de 23,7 mil metros quadrados entre a Caio Prado e a Marquês de Paranaguá, não houve acordo na audiência de conciliação entre Ministério Público Estadual (MPE), Prefeitura de São Paulo e as construtoras Setin e Cyrela, proprietárias da área. Dessa forma, os trâmites judiciais vão prosseguir, sem prazo para chegar a uma decisão.
"O problema neste momento é o valor", afirma o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público e Social da Capital. "Acredito que não falta muito para que haja um acordo. Falta boa vontade das empresas."
Fechada à participação da imprensa, a reunião foi mediada pela juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi. Ela chegou a propor que a Prefeitura oferecesse R$ 70 milhões, além de R$ 30 milhões em bônus de potencial construtivo para que as empresas entregassem o terreno ao Poder Público. Cyrela e Setin, que pagaram R$ 64,2 milhões pela área em janeiro de 2014, não concordam em receber menos de R$ 120 milhões. O valor venal atual é de R$ 128 milhões.
"Para eles, o negócio é lucrar com a especulação", critica a advogada Célia Marcondes, presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores de Cerqueira César (Samorcc). "Só querem dinheiro, dinheiro e dinheiro." Não há previsão de novas audiências de conciliação. Interpelado na saída do fórum, Antonio Setin, presidente da Setin, disse que as empresas não se manifestariam na segunda-feira, 22.
HISTÓRICO
Em 1902, ali foi erguido um casarão, projetado por Victor Dubugras (1868-1933). Religiosas fundaram o Colégio Des Oiseaux, que funcionou até 1969. Depois disso, o terreno jamais reencontrou uma vocação. Foi declarado de utilidade pública, comprado por um empresário, sede de eventos culturais e abrigou um estacionamento. Em 2004, a área foi tombada pelo Conpresp, garantindo salvaguarda ao bosque - atualmente com 709 árvores.
Em 2008, as construtoras Cyrela e Setin assinaram um compromisso de compra do imóvel, com intenção de erguer um conjunto de edifícios, de uso misto.
O Estado de S. Paulo..