O envelhecimento resulta ainda de uma flexibilização proposta pela Prefeitura nos contratos emergenciais que permitem que a frota continue rodando. A última renovação desses acordos, feita em fevereiro e com vigência até junho deste ano, retirou itens que regulamentavam qual deveria ser a idade média dos veículos - manteve apenas o limite de dez anos de uso.
Com essa mudança, os empresários dos lotações - antigas cooperativas, formalizadas como empresas no ano passado - se viram sem a necessidade de renovar a frota no mesmo ritmo que havia até 2013. Assim, a demanda de recursos financeiros por parte dessas empresas foi reduzida e, por consequência, a pressão para ampliar os subsídios ao sistema, justamente quando o Município passa por momento de queda de receitas, por causa da crise financeira.
A própria Prefeitura reconhece que o envelhecimento da frota é consequência da falta de contratos definitivos entre o poder público e as empresas de ônibus. "Sem contrato, as empresas não conseguem dar garantias aos bancos para conseguir financiamento de novos veículos", diz o diretor da São Paulo Transporte (SPTrans), Adauto Farias.
Até ontem a Prefeitura já havia pago R$ 712 milhões em compensações tarifárias às empresas de ônibus - o dinheiro é um complemento, financiado com recursos do Tesouro municipal, ao valor da tarifa, de R$ 3,80. O subsídio garante a gratuidade da segunda e da terceira viagens com bilhete único e o
passe livre para estudantes, idosos e desempregados. A previsão no Orçamento é de que o subsídio alcance R$ 1,7 bilhão neste ano.
A gestão Haddad havia proposto a nova licitação do sistema no ano passado, mas o processo continua bloqueado no Tribunal de Contas do Município (TCM) desde novembro, quando foram feitos mais de 50 questionamentos.
A primeira suspensão da licitação foi resultado dos protestos contra o aumento da tarifa, em junho de 2013. Como resposta às acusações de que o transporte municipal era uma "caixa-preta" e o prefeito Fernando Haddad favoreceria os empresários, a Prefeitura contratou a empresa de auditoria Ernst & Young para analisar o sistema. Uma das recomendações foi justamente transformar as cooperativas de lotações em empresas formais, o que encareceu os custos de operação.
A expectativa da Prefeitura é de que o processo de licitação seja retomado no segundo semestre deste ano.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..