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Estado de Minas

Assassino de aluna da UnB pode ter transtorno mental, dizem especialistas

Ao avaliarem entrevista coletiva dada pelo assassino confesso de Louise Ribeiro, especialistas afirmaram que ele apresenta características de Transtorno de Personalidade Antissocial, como racionalidade em excesso e insensibilidade


postado em 13/03/2016 10:31

(foto: CB DA PRess)
(foto: CB DA PRess)
Frio, calculista, debochado, insensível, psicopata. A perturbadora entrevista coletiva concedida na sexta-feira por Vinícius Neres, 19 anos, assassino confesso da estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, 20, gerou uma série de avaliações e interpretações. Especialistas ouvidos pelo Correio afirmam que ainda é cedo para determinar um diagnóstico, mas admitem que há, de fato, indícios que apontam para um possível transtorno mental. Durante a conversa com os jornalistas, Vinícius permaneceu aparentemente sereno e não deixou transparecer qualquer sentimento de arrependimento. “Quem vê o comportamento do outro por fora não sabe do vulcão que algumas pessoas têm por dentro”, pontua Gilberto Godoy, da Clínica Brasília de Psicologia.

Na Universidade de Brasília (UnB), Vinícius é descrito pelos professores como aluno brilhante e inteligente. Familiares e amigos deram declarações que ressaltavam a personalidade tímida e introspectiva do jovem. O próprio estudante, durante a entrevista, admitiu sofrer de depressão não diagnosticada e não tratada. O torpedo enviado por ele a Louise, informando que se mataria, parecia, a princípio, um pedido de ajuda: segundo Vinícius, o plano era conversar sobre a decisão dele de tirar a própria vida. Preocupada, Louise foi ao encontro do amigo. Um abraço, contudo, fez com que os sentimentos reprimidos viessem à tona na forma de um “ataque de fúria”, nas palavras do assassino. Vinícius imobilizou Louise, a fez desmaiar com clorofórmio e a obrigou a engolir 200 ml da substância, quantidade que o jovem sabia ser mortal, graças a meses de pesquisas na internet e a um extenso conhecimento de química.

Um criminoso precisa passar por diversas avaliações psiquiátricas antes de ser diagnosticado como doente mental. Nessas avaliações, os especialistas investigam não só o ato em si, mas todo o histórico comportamental do indivíduo, bem como relacionamentos amorosos, familiares e profissionais. Contudo, alguns padrões podem sinalizar certos transtornos específicos. “É importante observar se os comportamentos são fixos, se a pessoa reage do mesmo modo a todos os contextos, de forma inflexível”, exemplifica a psiquiatra Helena Moura, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

No caso de Vinícius, ela acredita que a indiferença emocional e afetiva do acusado é um dos traços que mais chamam a atenção. “Ele não parece uma pessoa deprimida. Ele aparenta sorrir em alguns momentos, não demonstra sofrimento. Diz que destruiu as duas famílias, mas a fala está completamente desvinculada da emoção.” Para Helena Moura, existe a possibilidade de ele sofrer de Transtorno de Personalidade Antissocial, condição em que o indivíduo não tem preocupação pelo que o outro sente. Em outras palavras: não é que o doente não sinta nada, apenas não se importa. “A pessoa tem plena noção dos danos que pode causar e das consequências, mas não liga”, reforça a médica.


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