Fora dos grandes centros, municípios com menos de 50 mil habitantes enfrentam, além da epidemia de dengue, casos de chikungunya e zika. Em Guaíra, no norte do Estado, que está no topo da lista, os 39,8 mil moradores convivem com as três doenças.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em janeiro foram notificados 1.317 casos de dengue - dos quais 610 positivos, 204 negativos e 503 aguardando resultados. Três pessoas morreram com sintomas da doença - um caso foi descartado e dois estão em investigação.
A cidade teve ainda quatro casos de chikungunya e investiga um caso de zika. A paciente é uma mulher de 54 anos. De acordo com a secretária Jussara Soler de Queiroz, foi feito o bloqueio na área da residência e não surgiram novas suspeitas.
Basta caminhar pelas ruas para encontrar pessoas doentes.
Na casa da comerciante Clarice Valim Pereira Faria, de 58 anos, o marido, dois filhos e dois netos tiveram dengue. "Eu e meu marido pegamos juntos, parecia que nós íamos morrer." Foram 15 dias de sofrimento. "Onde vou, levo essa bomba com inseticida", conta.
No pronto atendimento da prefeitura, doentes fazem fila. O tratorista Luis Carlos Fernandes, de 21 anos, estava na lavoura quando passou mal. "Era febre, dor de cabeça e no corpo, vômito e os olhos ardendo." Ele foi direto para a sala de hidratação.
Em 2015, Guaíra teve 2.148 notificações de dengue - 1.446 confirmados. A prefeitura decretou emergência. Os moradores apontam um vilão para a proliferação do Aedes: os pneus usados. A cidade, considerada "capital do pneu agrícola", tem 20 empresas de reforma e recauchutagem de pneus para tratores. O coordenador da Vigilância Epidemiológica, Maurício da Silva, conta que o Aedes veio à cidade com pneus trazidos do Rio em 2001..