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Estado de Minas

Lama pode matar os corais de Abrolhos


postado em 09/01/2016 10:01 / atualizado em 10/01/2016 18:09

São Paulo, 09 - Se a mancha de lama que foi observada na região do Arquipélago de Abrolhos for mesmo a resultante do rompimento da barragem de minérios da Samarco, o impacto sobre a biodiversidade que vive ali pode ser catastrófico. Essa é a avaliação de cientistas que trabalham no local.

O alerta de que a pluma de resíduos poderia ter atingido uma das áreas de maior diversidade de corais do Atlântico Sul foi feito anteontem pelo Ibama, com base em imagens de satélite e observações aéreas.

Ontem, o secretário estadual do Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler, também sobrevoou o local e disse que o arquipélago em si “está sem mancha aparentemente”, mas que no mar mais próximo da costa a água está bastante turva e, ao norte de Abrolhos, em direção a Porto Seguro, foram vistas manchas escuras.

Spengler não descartou que a lama da Samarco possa ter chegado ali. “É temerário dizer que é, mas também é temerário dizer que não é”, afirmou ao Estado. Ele encomendou análises de amostras do material paralelas às que também estão sendo feitas pela Samarco, por determinação do Ibama.

Mas o secretário disse que, ao menos para a área mais próxima da costa, o motivo da turbidez pode ser as chuvas que caíram na região nos últimos dias, que poderiam ter levado mais sedimentos para o mar.

Para o pesquisador Ronaldo Francini-Filho, da Universidade Federal da Paraíba, que há 15 anos monitora espécies de peixes e de corais de Abrolhos e tem acompanhado a movimentação da pluma de rejeitos de minério, se for confirmada a suspeita, pode acontecer uma mortandade em massa dos corais. O maior risco é que a lama cause um sombreamento na área. Em outros pontos por onde os rejeitos avançaram desde Minas Gerais, pelo Rio Doce, até desaguar no mar, observou-se que a luz não passa de 10 centímetros de profundidade. “Sem luz, os corais morrem por não fazer fotossíntese”, afirma.

Para o biólogo também há o risco, dependendo da densidade da pluma, de os sedimentos cobrirem os corais. “Se isso acontecer, fica mais difícil a recuperação, porque inibe o recrutamento de novos corais.”

Ele concorda, porém, que, por enquanto, é difícil ter certeza de que se trata da lama, visto que as chuvas recentes deixaram as águas da região mais turvas. Segundo Francini-Filho, a região do arquipélago é de altíssima sedimentação e costuma ter maior turbidez em situações de frentes frias, tempestades e muito vento. Portanto, diz, há uma possibilidade de se tratar de sedimentação natural.

Berçários

E mesmo se a lama não tiver atingido o Parque Nacional de Abrolhos, há outros recifes no entorno, principalmente mais perto da costa, alerta o pesquisador, que são importantes berçários de vida marinha, e podem já estar sendo afetados.

Rodrigo Leão de Moura, coordenador executivo da Rede Abrolhos, ressalta também que, mesmo se a suspeita não se confirmar agora, a ameaça de contaminação pode continuar pelos próximos anos. “Essa situação pode se tornar crônica. A lama é formada por um material muito fino, que se espalhou por uma área enorme, e que, depois de depositado, pode ser suspenso novamente a cada chuva e voltar a se deslocar. Então, se não for agora, a lama ainda pode chegar a Abrolhos.” Para ele, é fundamental que seja reforçado o monitoramento, visando a uma melhor resposta se o pior cenário acontecer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em nota, a Samarco diz que "vem realizando o acompanhamento do comportamento da pluma de turbidez na região marinha e esclarece que não há, neste momento, qualquer comprovação técnica de que o material observado na região de Abrolhos seja proveniente do acidente com a barragem de Fundão. Dados sobre a direção de ventos e intensidade de marés registrados nos últimos dias apontam para uma probabilidade muito baixa de deslocamento da pluma de turbidez do litoral de Linhares até o Arquipélago de Abrolhos. A empresa mobilizou equipes para a coleta de amostras que serão avaliadas em laboratório. Cabe destacar que existem outros fatores de influência de movimentação de sedimentos na região costeira do Espírito Santo e sul da Bahia, bem como o registro de fenômenos climáticos que ocasionaram, nos últimos dias, a formação de ondas no litoral entre 1,5m e 2,5m que provocaram ressuspensão natural de sedimentos outros que não têm relação com o acidente ocorrido na Barragem de Fundão.

A empresa alega ainda que "vem disponibilizando sistematicamente recursos como aeronaves e imagens de satélite e colocou à disposição dos órgãos ambientais uma aeronave para sobrevoo até a região de Abrolhos para a avaliação da condição de dispersão de sedimentos. A Samarco também realiza o monitoramento em diversos pontos na região da foz - água salobra - e do oceano – água salina, além do monitoramento de toda a extensão do rio Doce - água doce".


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