São Paulo, 28 - Dobrou neste ano o porcentual de famílias que não conseguiram manter em dia o pagamento das mensalidades de colégios e faculdades. De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 19% das pessoas que ficaram inadimplentes neste ano citaram o atraso nas mensalidades escolares como o responsável pelo nome sujo. No ano passado, a taxa era de 8%.
A inadimplência com essas parcelas supera, inclusive, o porcentual de famílias que disseram estar com o nome sujo por atrasos com contas de água e luz - 9% dos inadimplentes. Na lista do SPC, pendências com o financiamento da casa própria correspondem a 8% e parcelas de condomínio a 7% do total de atrasados.
Houve aumento de inadimplência em todas as áreas. O que preocupa é que todo mundo está com dificuldade de pagar as contas, até aquelas prioritárias, como educação", avalia Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. "As famílias costumam ver a escola como investimento, a chance de escalar nos próximos anos."
Dos inadimplentes com educação, 15% são em mensalidades de estabelecimentos de educação infantil, ensino fundamental e médio atrasadas. Geralmente, dívidas com mensalidades são acertadas até o fim do ano para que o aluno não seja impedido de fazer a matrícula.
"Normalmente, as famílias usam o 13º salário para pagar as contas atrasadas, o que é considerado essencial. Como neste ano a inflação está alta e muitas pessoas perderam o emprego, não sabemos se a educação vai continuar sendo a prioridade dessas famílias", diz Marcela.
O pior cenário, mostra a pesquisa do SPC Brasil, é no ensino superior.
Reajuste
O desaquecimento econômico e a inflação alta devem se traduzir em mensalidades mais caras no ano que vem. Os colégios, porém, ainda estão fazendo seus cálculos do reajuste. A reportagem consultou 11 escolas privadas da capital, mas nenhuma informou qual preço será cobrado em 2016.
A Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep) estima que o reajuste médio das escolas do País supere 11%. José Antonio Antiório, diretor financeiro do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), prevê acréscimo entre 10% e 13%.
"O aumento das contas de água e energia pesaram muito", reclama Antiório. Outra pressão sobre as mensalidades é o reajuste salarial dos professores. Com as famílias em atraso, a recomendação é evitar conflitos.
Assessora técnica da Fundação Procon São Paulo, Fátima Lemos diz que, apesar da crise, os colégios devem ter sensibilidade ao fixar o reajuste. "A escola precisa viabilizar seu negócio, mas também deve manter seu grupo de estudantes", pondera..