São Paulo, 29 - Desenvolvida ainda no século 19 nas margens da linha da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em um eixo de crescimento que se estendeu da Estação da Luz até a região do ABC paulista, a área da nova operação urbana mantém uma série de indústrias ainda ativas, intercaladas com terrenos invadidos e regiões contaminadas.
A proposta apresentada ontem divide a área em três regiões de desenvolvimento - em uma delas se pretende manter as indústrias instaladas. Há toda uma indústria invisível na região, como galpões que pegam chapas e fazem latas que são vendidas para a indústria de tintas. O primeiro estudo para o tema, chamado Eixo Sul, não considerava esses pontos, diz o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) João Sette Whitaker Ferreira. Se o novo plano respeita isso, é um avanço.
Ferreira acompanhou as discussões sobre a operação no Conselho da Cidade. Quando se fala em revitalização de uma área, é importante observar a vida que segue, sozinha, na área a ser revitalizada. Parece que isso aconteceu, continua.
O professor, entretanto, destaca que as ações da Prefeitura para as moradias populares são tímidas diante da realidade. Cerca de 70% da população é de baixa renda. Então, não faz sentido reservar 25% dos recursos para a baixa renda.
O secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, afirma que a manutenção das indústrias da região será feita mediante estímulos para aproveitamento do leito ferroviário já existente. É uma das únicas áreas da cidade que recebe carga de trem e está conectada com o Porto de Santos. Isso precisa ser mantido.
O plano é tornar as outras duas regiões de desenvolvimento atrativas para a chamada economia criativa, empresas voltadas à área de tecnologia, com a manutenção da fachada dos atuais galpões do século retrasado. A experiência de outras cidades do mundo mostra que esse tipo de gente (empregados desse setor) se integra muito bem com locais históricos e com galpões amplos, com grandes áreas e sem divisórias, avalia o secretário..