O agente Ricardo Machado de Almeida, 35 anos, trabalha em uma das seções da 20ª DP. A ocorrência de furto, corriqueira em todas as unidades policiais do DF, chamou a atenção depois que ele ouviu que os colegas chamariam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para socorrer o desempregado, que passava muito mal. Ao sair da sala, Ricardo se deparou com Mário pedindo para não ficar preso, pois o filho só tinha ele.
A história comoveu Ricardo, que deu R$ 30 para o homem pagar pela carne. O policial voltou para a sala e contou a história aos colegas.
"NOS COLOCAMOS NO LUGAR DELE" O agente Ricardo conta que, ao chegarem no imóvel, se depararam com o filho do preso. E menino estava bem cuidado, alimentado e bem-vestido, diferentemente do pai, um homem magro, com aparência de sofrimento e sem conseguir emprego. “Não podemos deixar de falar do crime. A polícia agiu como deveria agir. Mas todos temos filhos, família. Nos colocamos no lugar dele. Poderia ser com um filho nosso”, ressalta Ricardo. Depois de visitarem a casa de Mário, os agentes da 20ª DP descobriram que a situação era ainda pior. Não havia gás, comida ou qualquer mantimento para os dois na residência.
Os policiais decidiram fazer ainda mais por Mário e o filho. Foram a um mercado e compraram diversos itens.
FIANÇA DE R$ 270 Durante o depoimento na delegacia, Mário começou a passar mal. Contou que, há quase um ano, a mulher dele sofreu um acidente e passou oito meses no hospital. Ele perdeu o emprego. Quando a mulher se recuperou, foi morar com um filho de outro casamento, porque a família estava sem dinheiro para lhe atribuir os cuidados necessários. Sobrou para Mário a responsabilidade de criar sozinho o filho, de 12 anos, que estuda na parte da tarde. Enquanto o adolescente está na escola, o pai tenta fazer bicos para sustentar a casa.
Entrevista com policial civil que ajudou preso
.