No dia 18 de março, os ministros do STJ decidiram que Mandic vai ficar com Gianelli. O processo se arrasta desde 2009, quando Érika pediu para ficar com o cão. Ela morreu de câncer no início deste ano, mas, desde a separação, o advogado sempre ficou com o cachorro, que chama de filho.
No início do divórcio litigioso, Érika ganhou a causa em primeira instância no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Gianelli reverteu a decisão no Órgão Especial (segunda instância da Justiça paulista), e o caso foi parar em Brasília. Quando nos separamos, ofereci todas as minhas propriedades para ela em troca do Mandic, disse o advogado, anteontem, em seu escritório, no Jardim Paulistano, zona sul de São Paulo, acompanhado do cão, que não desgrudava os olhos do dono.
Dois carros zero-quilômetro, uma casa no litoral e um apartamento em Alphaville, em Barueri, na região metropolitana - propriedades avaliadas em R$ 3 milhões - não foram suficientes para Érika abrir mão do cachorro no processo. Processualmente, abri mão de patrimônios para que a guarda do cachorro ficasse comigo, contou o advogado.
Segundo Gianelli, a empatia entre os dois - dono e cachorro - foi instantânea desde o primeiro dia em que o animal surgiu na vida do casal.
O Estado entrou em contato com Dirceu Augusto da Câmara Valle, advogado que representou Érika no processo. A reportagem queria ouvir a versão dele para a disputa de Érika por Mandic. O defensor disse que, em respeito à morte dela e também em respeito à família da bancária, não comentaria o caso, já que o processo também está em segredo de Justiça.
Na decisão do ministro do STJ Luis Felipe Salomão, a agravada (Érika) não deu mostras de possuir interesse em ficar com o animal, evidenciado pela ausência de diligência. No voto de Salomão, o caso é tratado como uma guarda.
Humanização.
O também advogado Antonio Ivo Aidar, de 59 anos, que representou Gianelli no Superior Tribunal de Justiça, explicou que defendeu perante aos ministros a humanização de Mandic. Você perde o relacionamento com outras pessoas e elas fazem dos animais irmãos, ou cuidam como filhos, disse.
O amor que ele tinha pelo cachorro, o desespero de perder era algo muito forte. O animal acabou ficando com ele porque foi provado o afeto, explicou Ivo Aidar.
Segundo o advogado, esse foi um dos casos mais marcantes nas mais de três décadas em que trabalha com Direito da Família em tribunais. O dono também defende a humanização de animais em processos de separação de casais.
Perpetuar a espécie. Pensando no futuro e em perpetuar a família, Gianelli avalia se congela o sêmen de Mandic no futuro. Recentemente, o advogado arrumou uma namorada para o cão, que resultou no nascimento de mais quatro cachorros. Mussum, Kunta Kinte, Sorte e Chica da Silva também vão ficar sob a guarda do advogado.
No escritório de Gianelli, onde o dachshund fica pelo menos uma vez por semana, já foi possível ter ideia da proximidade que ele tem com o cão. Mandic não deixou o dono sozinho em nenhum momento, bebeu água na mesa dele e fez poses para a foto.
Em casa, cão e homem também não se desgrudam. Ele vê os jogos do Palmeiras comigo, presta atenção e late quando sai gol. Não é, filho?
Mandic também tem pelo menos 20 peças de roupas para o verão e o inverno. Anteontem, estava de gravata e tinha acabado de sair do banho do pet shop.
Gianelli, que se diz tabagista, contou que o cão não gosta do cheiro de cigarro. Se o Mandic perceber que eu vou colocar a mão no maço de cigarro, ele sai de perto de mim e vai para qualquer lugar. O advogado também contou que não entra em comércios onde o cachorro não é aceito. Se ele come comigo na mesa de casa, pode comer em qualquer lugar.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo..