O processo começa um ano após a ocupação das 16 favelas pelos militares, em operação que já custou R$ 461,6 milhões ao Ministério da Defesa.
A Secretaria Estadual de Segurança não confirmou quantas UPPs serão instaladas na região, apesar de, em novembro de 2013, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ter falado em quatro unidades. A primeira será inaugurada no favela Roquete Pinto, dominada por milicianos, e atenderá também à comunidade Praia de Ramos. A partir de hoje, a região estará sob responsabilidade da PM. A partir de 1º de maio, os militares deixarão as favelas Parque União, Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré.
Levantamento da organização não-governamental (ONG) Redes de Desenvolvimento da Maré, que atua na região, pelo menos 20 mortes dolosas ocorreram no complexo durante a ocupação militar. Os dados se baseiam em casos veiculados na imprensa e relatos de moradores.
Um morador da Maré que pediu para não ser identificado afirmou à reportagem que, com a presença do Exército, os criminosos procuram se esconder em vielas e becos de difícil acesso. O armamento utilizado também ficou menos pesado, com fuzis substituídos por pistolas e revólveres no dia a dia do tráfico. Os chefes teriam saído, deixando os criminosos mais jovens nas favelas. Para observar as atividades dos traficantes, a PM construirá torres de observação na Maré, ainda sem quantidade definida. A iniciativa foi criticada por Edson Diniz, um dos diretores da Redes de Desenvolvimento da Maré. "Essa ideia da vigilância é muito ruim, só afasta a comunidade (da PM). Ela não aproxima a polícia da população e só cria mais barreiras."
Para Diniz, a população está preocupada com violações de direitos pelos PMs. Há ainda o medo de que a chegada dos policiais aumente os confrontos.
Os abusos, geralmente sob a forma de abordagens violentas, se intensificam conforme mudam as tropas envolvidas no patrulhamento, disse o diretor da ONG. "Nesse um ano, teve umas quatro ou cinco mudanças de tropa. (O comportamento delas) Dependeu muito do comandante e de onde vieram." De acordo com a Força de Pacificação, pelo menos 16,7 mil militares do Exército e da Marinha passaram pela Maré desde abril de 2014..