A Comissão de Anistia entregou ontem à Comissão da Verdade de Pernambuco Dom Helder Câmara documentos que podem ajudar a elucidar a morte de pelo menos quatro pessoas durante a ditadura.
De acordo com o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, os registros foram encontrados em janeiro dentro de autos de pedidos de reparação de vítimas da ditadura. “São documentos oficiais e originais que podem ajudar no tratamento da circunstâncias das mortes de algumas pessoas. Há laudos médicos que devem ser contestados”, disse Abrão.
Um dos casos que podem ter mais esclarecimentos é o do padre Henrique Pereira Neto. Ele trabalhava com Dom Helder Câmara e foi sequestrado, assassinado e torturado em 27 de maio de 1969. Os documentos mostram 35 fotografias dele com sinais de tortura. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) apontou cinco pessoas como autores do crime e recomendou investigações para encontrar mais envolvidos.
A estudante teve os membros inferiores queimados por uma comissão que caçava comunistas. Oficialmente, ela suicidou-se.
Esta pode ser a primeira vez que os documentos serão analisados a fundo, porque não se sabe se eles passaram pela CNV. “Eles não foram requisitados e só tomamos conhecimento dos documentos em janeiro passado”, disse Abrão. Segundo o representante da Comissão de Pernambuco Manoel Moraes, para eles, os documentos são inéditos. “Sabíamos que existiam os documentos, mas não tínhamos acesso. Ainda estamos investigando para reconstituir as circunstâncias das mortes e serão sistematizadas em um relatório”, explicou.
Os arquivos incluem ainda o laudo pericial do atentado a bomba ao Aeroporto de Guararapes, no qual morreram o jornalista Edson Régis de Carvalho e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes. A explosão de uma maleta no saguão do Aeroporto, em 25 de julho de 1966, deixou ainda 14 pessoas feridas. A armadilha aconteceu no dia em que o então candidato à Presidência da República, Marechal Costa e Silva, desembarcaria no Recife para um ato de campanha.