A entidade filantrópica vive crise financeira, agravada durante a gestão de Abdalla, quando o déficit passou de R$ 80 milhões para mais de R$ 400 milhões.
Auditorias encomendadas pelo governo do Estado apontaram indícios de má gestão, até mesmo sobrepreços em contratos firmados pela Santa Casa.
Em nota divulgada na noite de ontem, a instituição informou que Abdalla decidiu se licenciar do cargo no melhor interesse da instituição e de forma a garantir ainda mais transparência e lisura da sindicância instaurada a seu pedido.
A apuração interna foi determinada pelo provedor há cerca de dez dias, após a divulgação dos resultados de auditoria externa feita pela empresa BDO, contratada pela Secretaria Estadual da Saúde.
O provedor passou a sofrer uma série de pressões internas depois que os resultados da auditoria foram apresentados. Na quarta-feira, 17, durante reunião com 32 membros da Mesa Administrativa da instituição, recebeu moção de dez dos integrantes pedindo a sua saída. Na sexta-feira, 19, um manifesto assinado por mais de 1.300 funcionários do complexo hospitalar solicitou a sua renúncia.
O atual provedor também vinha sendo pressionado pelo Ministério Público Estadual (MPE) a se distanciar da gestão da Santa Casa.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada na quinta-feira, o promotor Arthur Pinto Filho, que conduz inquérito para investigar problemas na entidade filantrópica, declarou que abriria em janeiro ação civil pública pedindo a destituição de Abdalla por incapacidade de seguir à frente da Santa Casa. Ele afirmou que a medida seria tomada caso Abdalla não saísse do cargo espontaneamente ou por ação da irmandade.
Trâmites
A previsão era de que os membros da irmandade e os funcionários da Santa Casa recebessem, na noite de ontem, a carta do provedor anunciando a licença. No período de afastamento de Abdalla, deverá assumir o cargo o vice-provedor, Ruy Altenfelder.
Médicos e membros da irmandade ouvidos ontem pela reportagem afirmaram que a licença não é suficiente. Para eles, a renúncia do provedor seria mais oportuna.
Caso Abdalla anuncie a renúncia definitiva ao final da licença, deverão ser convocadas novas eleições para a provedoria, na qual os 500 membros da irmandade elegem o novo líder da maior instituição filantrópica da América Latina.
A medida ocorre quando o provedor ainda não chegou à metade da gestão. O terceiro mandato de Abdalla começou em abril deste ano e vai até o mesmo mês de 2017.
Abdalla não quis se pronunciar ontem.
O Estado de S. Paulo..