O levantamento faz parte do plano pluanual para o orçamento da USP e será votado no Conselho Universitário (CO) amanhã. As previsões, no entanto, são consideradas por especialistas ouvidos pelo Estado como "muito otimistas". No documento, a COP afirma que o cenário da USP é "preocupante". Também alerta que, se o cenário proposto não se verificar, as reservas da universidade podem se esgotar em 2017 "ou até mesmo antes".
Nas projeções, o crescimento do PIB do Brasil de 2016 a 2018 é de 2%. A inflação considerada é de 4,8% em 2015 e 2016 e de 4,5% em 2017 e 2018.
"O Estado de São Paulo tem crescido menos do que o País. E, principalmente por causa da indústria, é o mais vulnerável." Ela explica que o crescimento do PIB do Estado deve ser menor do que o da União no período. O relatório Focus do Banco Central de 7 de novembro prevê um crescimento de 0,8% da União para 2015 - a previsão da USP é de 1,5% para o Estado, retirada da previsão do governo, segundo o relatório da COP.
"Se no ano que vem o crescimento do País ficar abaixo de 1%, São Paulo vai ficar com menos ainda. A gente não está enxergando uma luz econômica no fim do túnel para a indústria. Com a crise da água, as médias empresas vão migrar porque os custos começam a aumentar no Estado", afirma Zeina.
Para ela, a universidade precisa fazer projeções com outros cenários. "A USP tem de ter um plano B, porque tem um risco embutido nesse cenário. A USP precisa pensar a longo prazo."
No cenário projetado pela COP, a USP deixaria de usar todos os repasses do Estado com folha de pessoal em 2016, quando 93,65% dos gastos seriam usados em salários. Em 2018, chegaria a 90,33% - porcentual ainda inseguro. As reservas esperadas para o fim do período são de R$ 538 milhões - hoje, são de R$ 1,7 bilhão.
Repasses
Para o presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Ciro Correia, não haverá solução para a crise sem um porcentual maior de repasse do Estado para a universidade. "Desde 1995, se pede que o repasse do ICMS aumente para 11,6% (hoje é de 9,57%)", diz.
Para o professor Marcelo Nerling, do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, os aposentados deveriam ser retirados da folha. "A USP tem de seguir o mesmo modelo das outras autarquias, nas quais os aposentados são remunerados pela SPPREV (São Paulo Previdência)", diz.
A USP informou, por meio da assessoria de imprensa, que só vai comentar a questão financeira após a reunião do CO amanhã. Dirigentes do Sindicato de Funcionários da USP (Sintusp) foram procurados pela reportagem, mas não foram localizados até as 20 horas deste domingo..