Neste mesmo mês, mas em 2006, tocou o telefone na casa de uma tia do delegado, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Na linha, o recém-eleito governador Sérgio Cabral (PMDB): "Beltrame, você topa ser o secretário estadual de Segurança?" "Claro que topo." O diálogo está relatado na biografia do secretário "Todo dia é segunda-feira".
Pezão sempre afirmou querer a continuidade de Beltrame, de quem se tornou amigo pessoal, mas reconhecia o "cansaço" do delegado após tantos anos no cargo - um recorde. "É desconfortável estar impedido de caminhar como um cidadão comum", disse o secretário no livro. Beltrame não tirou férias - no máximo, uma semana ou um fim de semana prolongado.
Segundo fontes ligadas ao secretário e a Pezão, Beltrame vai continuar. Oficialmente, o gaúcho é mais cauteloso, embora deixe transparecer o futuro.
Beltrame quer questões "alinhadas" com Pezão. Além da ampliação dos investimentos em segurança e a necessidade de chegar com o "social" nas comunidades pacificadas, ele tem feito reuniões com sua equipe para descobrir a "nova UPP": um projeto que tenha o mesmo impacto que tiveram as Unidades de Polícia Pacificadora.
Política
"Convidado" publicamente pelo candidato derrotado à Presidência Aécio Neves (PSDB) para assumir cargo no governo federal caso fosse eleito, o gaúcho negou ontem ter recebido qualquer convite de Dilma Rousseff. No ano passado, o PMDB queria lançá-lo como candidato a vice. Não quis; avesso ao "jogo político", ele não é filiado a nenhum partido e tem Santa Maria como domicílio eleitoral.
Além da Olimpíada e dos Jogos Paralímpicos de 2016 - Pezão quer que o secretário continue pelo menos até lá -, Beltrame terá pela frente, antes, porém, um dos momentos mais delicados das UPPs. Neste ano, os confrontos aumentaram nas principais comunidades "pacificadas" e seis PMs de UPPs foram assassinados..