O professor da Ufscar lembra que a primeira outorga do sistema à Sabesp, por 30 anos, foi em 1974 e que na renovação, em 2004, por mais 10 anos, a concessionária foi cobrada por um melhor planejamento e o governo estadual alertado que seriam necessários novos sistemas e diminuir a dependência de São Paulo do Cantareira. "Isso não foi feito, tanto que o único sistema produtor que ela (Sabesp) investe é o São Lourenço, buscando água no Vale do Ribeira. Esse aproveitamento está atrasado, pois deve ficar pronto em 2018, quando deveria ser entregue em 2016", disse.
Outra questão estrutural, segundo Vargas, é a falta de coordenação do uso da água para outros fins, como para a indústria, justamente em um sistema que abastece duas das maiores regiões industriais do Brasil: a de São Paulo e a de Campinas. "Além disso, estamos vivendo momento de conflito e, como temos um sistema federativo de governo, a união não pode impor uma decisão", afirmou.
Vargas comentou ainda o alerta do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), revelado pelo Broadcast, cobrando uma "mudança de paradigma no planejamento" da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) para garantir que o sistema brasileiro volte a ter condições de suportar períodos de estiagem. "Há uma mudança mundial na maneira de pensar na gestão da água. O uso prioritário é o abastecimento urbano de pessoas, mas é preciso assegurar os usos múltiplos da água e garantir a produção de energia elétrica e navegação, por exemplo", concluiu.