A prefeitura de Carapicuíba não informou a identidade do proprietário. "Não foi emitida autorização por parte da prefeitura para a construção de muro no local, nem no terreno particular nem na via pública. Funcionários da prefeitura, técnicos e fiscais devem permanecer na área para atuar na prevenção de conflitos", informou, em nota, a administração da cidade.
De acordo com a prefeitura, a reintegração de posse do terreno será executada pela Polícia Militar. A nota, no entanto, não informou quando será a ação.
A ocupação foi realizada na sexta-feira e batizada de Carlos Marighella. São 800 barracos de lona, segundo informações do movimento. O terreno é vizinho de condomínios de luxo e de favelas.
Segundo o MTST, na manhã de ontem, operários chegaram em um caminhão com tijolos e começaram a erguer muros ao redor do terreno ocupado. Um dos muros foi construído na Rua Ouro Preto, que é pública e faz ligação entre os bairros carentes e as principais rodovias que cruzam a região.
Depois do término da obra, quando operários e servidores foram embora, o muro foi derrubado. O MTST negou que militantes tenham derrubado a construção. Segundo o movimento, moradores de comunidades próximas, que também teriam o acesso a suas casas restrito por causa do bloqueio, derrubaram o muro.
Dívidas
O MTST informou que o terreno, de 93 mil metros quadrados, foi escolhido para a ocupação por estar ocioso e por ter dívidas de R$ 400 milhões com os cofres municipais. Essa é a única invasão do movimento na cidade. As cerca de mil pessoas que estão ali viviam em áreas de risco ou eram "vítimas da especulação imobiliária", segundo o MTST, e não teriam condições de pagar o aluguel dos imóveis onde moravam. A prefeitura foi questionada, mas não se manifestou sobre a existência ou não de débitos por parte do proprietário do imóvel.
Os sem-teto esperam poder negociar com o poder público a posse do terreno, para a construção de moradias populares. A prefeitura, porém, informou que "a ação de reintegração de posse é de responsabilidade dos proprietários no Poder Judiciário, que será executada pela Polícia Militar".
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