Na denúncia, o promotor de Justiça Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar, defendeu que, por demonstrarem comportamento violento e personalidade distorcida, os PMs representam evidente risco à ordem pública.
"Percebe-se facilmente que a conduta bárbara dos denunciados, digna da Waffen-SS nazista (tropa alemã responsável por uma série de crimes durante a Segunda Guerra Mundial), teve como único objetivo vingar-se cegamente do fato de terem sido, momentos antes, hostilizados por usuários de drogas, vulgo 'cracudos', humilhando, agredindo, e violentando quem bem entendessem", escreveu Mello Cunha.
Na denúncia, o promotor requer ainda que outras 11 testemunhas sejam intimadas a depor em juízo. Em depoimento à Polícia Civil, na época do crime, o policial Wellington de Cássio Costa Fonseca negou ter participado, mas confirmou o crime. Ele não foi denunciado pelo MP-RJ. Já Anderson Farias da Silva também foi indiciado por roubar o celular de uma das vítimas.
Até serem expulsos da PM, como determinou o secretário estadual de Segurança Pública (Seseg) do Rio, os militares responderão inicialmente pelo artigo 232 do Código Penal Militar (constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça) e por abuso de autoridade.
O caso
O crime ocorreu na madrugada do dia 5 passado. Na 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo, zona norte), as três mulheres (de 16, 18 e 35 anos) contaram à polícia que foram até o Jacarezinho para "resgatar" a irmã da mais velha, que seria usuária de crack.
Não conseguiram e foram visitar uma amiga; na casa, foram surpreendidas por quatro PMs, que teriam perguntado por drogas e as agredido. As mulheres foram levadas então para um barraco e violentadas.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas procuraram a delegacia logo após o crime. Prestaram depoimento e fizeram exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Os quatro soldados envolvidos no crime foram reconhecidos tanto por vítimas quanto por testemunhas..