Desde o início da Copa do Mundo, o Comitê tem recebido mais pedidos de estrangeiros para conhecer a realidade da cidade, principalmente das favelas. "A imprensa internacional está mais interessada e tem uma visão mais crítica do que a imprensa nacional sobre os temas sociais, relacionados às remoções, violência policial e outros problemas da Copa", explicou Mário Campagnane, porta-voz do Comitê e da ONG Justiça Global.
No morro, jornalistas da Alemanha, México, Chile e Estados Unidos caminharam por pouco mais de duas horas, desde o pé do morro, passaram pela Laje do Michael Jackson (onde o astro pop gravou um clipe em 1996), até o Pico do Santa Marta, de onde se vê o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas e as praias cariocas. Falando português, conheceram histórias de moradores que, mesmo depois da pacificação, se sentem abandonados pelo poder público.
Contrária às remoções, a empregada doméstica Fernanda Abreu, de 34 anos, moradora do ponto mais alto da favela, fez questão de conversar com diversas equipes estrangeiras. "Não queremos sair de nossas casas, queremos que eles (governos estadual e municipal) tragam infraestrutura e iluminação aqui para cima como fizeram no resto do morro. Área de risco é esse caminho (uma escada de pedra e terra) que o governo deveria melhorar", repetiu.
Aproveitando a presença estrangeira no País, o Comitê preparou outros dois eventos na cidade para mostrar "as remoções promovidas pela Copa". No próximo domingo, 29, haverá uma corrida ao redor do estádio Célio de Barros, no complexo do Maracanã, que quase foi derrubado para construção de um estacionamento exigido pela Fifa. O local permanece intacto, mas está fechado e os atletas não podem treinar.
No domingo, 6, a visita será à favela Vila Autódromo, em Jacarepaguá, na zona oeste, "um símbolo da resistência", segundo Campagnane.