As redes, porém, precisam correr: uma lei federal, de 2010, obriga a instalação de biblioteca nas escolas até 2020, com ao menos um livro por aluno matriculado. As secretarias argumentam que a oferta de leitura não se limita às bibliotecas.
É o caso da Escola Estadual Jardim Noronha V, no Jardim Noronha, extremo sul da capital.
O improviso começou em julho do ano passado, quando o colégio abrigou os alunos de outra unidade do bairro, a Escola Estadual João da Silva, que foi fechada por problemas estruturais no prédio. "Quase nunca vamos para a sala de leitura", conta a aluna Beatryz Ferreira, de 8 anos, fã de Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho. "Seria legal a gente ler mais histórias", diz Beatryz, que também gosta de caça palavras. Como a sala de leitura é pequena, há ainda estantes em corredores e livros espalhados nos escaninhos. É difícil encontrar o título preferido, mesmo que esteja no acervo. Segundo professores e alunos, a maioria dos trabalhos de leitura é feita dentro da classe. Não há programação fixa ou responsável direto pela sala de leitura, que recebe outras atividades, como aulas de reforço. "A Beatryz até acompanha o que a professora passa, mas acho que poderia desenvolver mais com boa estrutura", avalia a copeira Lúcia Ferreira, mãe da aluna.
A Secretaria Estadual da Educação (SEE) informou que a Escola Jardim Noronha V precisou readaptar seus espaços por receber alunos da outra escola, que foi demolida. A pasta não disse se há prazo de realocação ou previsão de reforma. A secretaria informou que 100% da rede tem acervo de livros e revistas, disponíveis para os alunos nas salas de aula, e projetos de leitura. Não informou, porém, sobre planos de construção de bibliotecas.
Ciência nas mãos.
Entre as aulas teóricas de ciências e os experimentos, Vinícius Alcântara, de 14 anos, prefere a segunda opção. "É bem mais legal para ver o conteúdo de perto e tirar dúvidas. Acho que a gente até acredita mais nas matérias difíceis que o professor fala", diz. O número de práticas na sua turma, entretanto, é reduzido.
O jovem estuda na Escola Municipal Palimércio Rezende, no Campo Limpo, zona sul da capital. O colégio até tinha um laboratório de ciências, mas foi fechado há 15 anos. Por segurança, atualmente os professores fazem experimentos na classe. São permitidos só os mais simples, sem uso de fogo ou reagentes químicos. Outra dificuldade é em relação aos livros. A sala de leitura tem atividades e programação, além de dois professores responsáveis. Mas, por falta de espaço, algumas obras ficam empilhadas em outros cômodos e não há bibliotecário.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) disse que o acervo da escola atende à demanda. Segundo a pasta, há salas de leitura em quase toda a rede, além de programas de leitura, e os Centros Educacionais Unificados (CEIs) têm 45 bibliotecas. A pasta também destacou que práticas de ciências são feitas de acordo com as condições, mesmo sem laboratórios..