A greve foi organizada por dissidentes que não concordaram com a negociação feita entre empresas de ônibus e o sindicato dos rodoviários, que resultou em aumento de 10%. Os grevistas, que vão recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), reivindicam reajuste de 40%, cesta básica de R$ 400 e o fim da dupla função de cobrador e motorista. "A gente já esperava essa decisão. Até hoje eu nunca vi uma greve ser julgada legal. Isso está nos dando mais força, ainda mais sabendo que serão R$ 50 mil por dia. Eles (o sindicato) vão perder até tomarem vergonha e chamarem a gente para conversar", disse Hélio da Real, uma das lideranças do movimento. Está prevista para quinta-feira uma nova assembleia.
Na audiência, o sindicato argumentou que não poderia ser responsabilizado por uma greve feita por dissidentes, mas a desembargadora que presidiu a sessão manteve a punição e disse que a entidade deveria "se aproximar mais das bases para saber o motivo da insatisfação" da categoria.
Durante a sessão, não foi concedida a palavra ao advogado que representava os trabalhadores dissidentes, Aderson Bussinger. Para a Justiça, o Sindicato Municipal dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sintraturb) é o "único representante legal da categoria". "Estou plenamente de acordo com o voto do desembargador Rogério. O direito do trabalho precisa se abrir à nova realidade. Vou recorrer com base nesse voto divergente e progressista. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) possui recomendações claras de que comissões de trabalhadores têm legitimidade. Julgar a greve abusiva não resolve. Os rodoviários querem negociar, mas estão sendo obrigados a fazer greve", disse Bussinger. Em nota, o sindicato das empresas de ônibus (Rio Ônibus) afirma que o reajuste em vigor, de 10%, é "o maior negociado este ano com rodoviários em todo o país"..