Haddad já admite dar área para sem-teto
Emenda ao Plano Diretor destinará para moradia popular parte de terreno de 150 mil m² invadido na zona leste e chamado de Copa do Povo
Ontem, cerca de 3,5 mil sem-teto protestaram na frente do prédio da Câmara Municipal, no centro, para exigir dos parlamentares a aprovação da emenda. A entidade também pressionou pela votação definitiva do novo Plano Diretor. Nós queremos uma data para essa votação e também para a apresentação da emenda. Nada fora disso, disse o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, que foi recebido pela Presidência da Casa. Os líderes do MTST destacaram que, se não houver a votação da proposta até o dia 12, haverá mais gente sem ingresso às portas do estádio de abertura da Copa.
Ao mesmo tempo em que exige a desapropriação do terreno da zona leste, que é particular, Boulos trabalha para que a área seja considerada apta a receber empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida Entidades - o pedido foi feito pessoalmente à presidente Dilma Rousseff (PT). Nesse modelo, os próprios movimentos de moradia comandam a obra, a partir de repasses federais. Os associados mais assíduos, que frequentam reuniões e participam de manifestações, ganham preferência na hora do sorteio.
Oficialmente, a base aliada do prefeito Haddad confirma apenas que estuda a possibilidade de atender a mais essa demanda do MTST - na primeira votação do plano, o movimento conseguiu reservar 30% de um terreno na zona sul para a construção de habitação social.
Para obter o apoio da base e garantir a aprovação em plenário, a gestão Haddad ainda terá de ceder a outros interesses, desta vez de vereadores. Muitos exigem do relator do projeto, Nabil Bonduki (PT), a criação de Zeis em seus redutos eleitorais, além da garantia de reserva de terrenos para creches e unidades de saúde. Diante de tantas demandas, o petista já afirmou que apresentará um texto substitutivo.
Presidente da Comissão de Política Urbana, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) afirmou que o governo terá dificuldades em aprovar a emenda. Não se pode mudar o texto a toda hora de acordo com pressões. Isso compromete toda a seriedade do processo e pode até fazer o novo Plano Diretor parar na Justiça.
Assembleia
A Copa do Povo ainda motivou uma reunião ontem na Assembleia Legislativa, envolvendo Prefeitura, Estado, Secretaria-Geral da Presidência da República, Caixa Econômica Federal, empresa Viver (dona do terreno invadido) e MTST. O objetivo era avançar nas negociações sobre o destino do terreno em Itaquera. A conclusão a que chegamos hoje é que o destino deles depende ainda da votação do Plano Diretor. Nós temos a sinalização dada hoje pela presidente da Câmara de que a votação deve ocorrer no máximo no dia 11 de junho, afirmou Boulos. Há pressa na decisão porque para o dia 16 está marcada uma audiência na Justiça sobre a decisão de reintegração de posse do terreno.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..