A Mata Atlântica perdeu 235 quilômetros quadrados (km²) de vegetação de 2012 para 2013, o que representa um aumento de 9% no ritmo da devastação em relação ao último período avaliado (2011-2012), de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, em parceria com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado hoje (27). A área equivale a 24 mil campos de futebol. Esta é a nona edição do estudo.
Mata Atlântica perdeu 235 quilômetros quadrados de vegetação entre 2012 e 2013
“A Mata Atlântica é um patrimônio nacional, um bioma extremamente ameaçado, porque uma parte da população brasileira vive nessa área e depende de seus recursos, então o esforço e a participação da sociedade são importantes para que preservemos essas florestas e tenhamos a garantia de serviços ambientais que beneficiam boa parte da população brasileira”, disse a diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do atlas, Marcia Hirota.
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade, com até 60% de suas espécies existindo apenas nessa área. Segundo a SOS Mata Atlântica, a taxa anual de desmatamento registrada neste período é a maior desde 2008, quando foi apontada a perda de 343,1 km² de floresta. Entre 2008 e 2010 a taxa média anual de destruição foi de 151,8 km². Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, restam 12,5% da área original do bioma, que tinha 1,3 milhão de km² quando o Brasil foi descoberto.
Ao todo, 17 Estados são abrangidos oficialmente pela Mata Atlântica, e, pelo quinto ano seguido, Minas Gerais foi um dos estados que mais destruíram o bioma, com perda de 84,3 km² de floresta. “Nas edições anteriores, Minas Gerais ocupou o segundo lugar, então o estado sempre esteve no topo do desmatamento da Mata Atlântica.
O Piauí aparece em seguida no ranking do desmatamento no período, com menos 66,3 km² de floresta. A Bahia foi o terceiro estado que mais desmatou, com 47,7 km² a menos de vegetação no intervalo avaliado. Em São Paulo, houve queda de 51% no desmate na comparação com o último período. Mesmo assim, o estudo mostra que quase 1 km² de floresta desapareceu entre 2012 e 2013. Nesse período, o Rio de Janeiro registrou perda de 0,1 km².
O pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo Inpe, Flávio Jorge Ponzoni, explicou que o objetivo do atlas é fazer um diagnóstico e não o trabalho de fiscal ou de polícia. “Fazemos um mapeamento global do bioma como um todo. Antes fazíamos a atualização de cinco em cinco anos, depois passamos a fazer a cada dois anos e agora anualmente. Isso torna o Atlas mais eficaz na identificação de áreas desflorestadas”.
O diretor de Políticas Públicas da ONG, Mario Mantovani, ressaltou que há exatos 26 anos a Mata Atlântica foi incluída na Constituição como o único bioma que tem uma regulamentação. Entretanto, continua sofrendo pressão do desmatamento.
Segundo Mantovani, há uma contradição entre o cumprimento da lei federal e o crescimento do desmatamento em Minas Gerais e no Piauí porque esses estados não reconhecem a Mata Atlântica como área a ser preservada. “Outro ponto que percebemos foi a expansão urbana. Mas conseguimos uma forma de mobilização prevista na lei, que são os planos municipais. Se o município fizer sua regularização pode identificar como usar cada área”, disse..