Entre esses dois momentos, São Paulo foi o destino de muitos outros grupos de imigrantes, como japoneses, espanhóis, portugueses, chineses, bolivianos, árabes e, mais recentemente, africanos. Após quatro anos fechado para reforma, o Memorial do Imigrante reabre as portas no dia 31 - totalmente repaginado e sob novo nome: agora Museu da Imigração do Estado de São Paulo.
"Queremos encurtar a distância entre a imigração do passado e a do presente", afirma Marília Bonas, diretora executiva da instituição, que funciona justamente no prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás. Entre 1887 e 1978, o local recebeu cerca de 2,5 milhões de pessoas, vindas de 70 nacionalidades diferentes, além de muitos brasileiros, que chegavam sobretudo do Nordeste - o ranking dos que passaram por lá é liderado pelos italianos, seguidos por espanhóis, brasileiros, portugueses e japoneses. Hoje o prédio é dividido entre o museu e o Arsenal da Esperança, um centro de acolhida para adultos em situação de rua.
O lugar foi fechado em 2010 para restauração do prédio, tombado desde 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), e reformulação do espaço expositivo. Assim como a maioria dos museus atualmente, ganhou muito conteúdo audiovisual e interativo. Dividida em nove módulos, a exposição terá documentos, fotos, vídeos, depoimentos e objetos que faziam parte do cotidiano da antiga hospedaria.
Nesse período em que ficou fechado, o museu reforçou sua presença na internet.
Reinauguração
A nova exposição que foi montada para a reabertura promete impressionar. Em um dos ambientes, o visitante saberá exatamente como eram os dormitórios em que ficavam os imigrantes e o local onde faziam as refeições. As gavetas de um grande móvel de madeira poderão ser abertas. Dentro delas, haverá fac-símiles de cartas escritas pelos imigrantes na época. "É uma espécie de voyeurismo. Lendo essas cartas, o público entenderá melhor como era a experiência individual da imigração", afirma Marília.
Inicialmente quatro bairros estarão representados na exposição de longa duração: Santo Amaro, Brás, Mooca e Bom Retiro - todos escolhidos por terem forte identificação com imigrantes.
Durante a reforma, que custou R$ 20 milhões, também foi descoberto um letreiro em uma das paredes com orientações para imigrantes. "Se saírem da Hospedaria, não poderão mais retornar", diz um dos avisos. "Era um alerta para que não fossem cooptados por aliciadores, que os chamavam para trabalhar nas fazendas de café sem o intermédio do governo", explica Marília.
Para o espaço das exposições temporárias, o museu já negocia parcerias com o museu de Ellis Island, que conta a história dos imigrantes que chegaram aos Estados Unidos também nos séculos 19 e 20, e com o Museu de Imigração de Buenos Aires. Nos primeiros dois meses de funcionamento do Museu da Imigração, a entrada será gratuita. Depois, o ingresso para as exposições custará R$ 6.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..