Na noite deste sábado, 10, Raphaella passou duas horas e meia com uma tesoura no pescoço, capturada por Silva dentro de um ônibus da linha 723, na Avenida Brasil, altura do bairro de Guadalupe (zona norte) O criminoso acabou se rendendo à Polícia Militar (PM), sem feri-la e ao motorista Júlio César Pereira, também refém.
Raphaella contou que saíra do curso de inglês em Vila Valqueire (zona oeste) e seguia para casa no ônibus da linha 723 (Mariópolis-Cascadura). O sequestrador entrou na condução na altura de Deodoro, bairro na zona oeste. A estudante disse que o homem perguntou a ela onde era o ponto final. "Falei que era em Mariópolis."
A seguir, ainda segundo o relato da vítima, Silva sentou no banco atrás dela. Na Avenida Brasil, na altura do shopping Jardim Guadalupe, ele levantou-se, puxou-a pelos cabelos, apontou-lhe uma tesoura para o pescoço e anunciou o sequestro em voz alta.
Raphaella afirmou que Silva logo falou para ela que não queria fazer mal nem matar ninguém, mas que estava "desesperado, enfrentando muitos problemas". "Só quero a presença da imprensa, da polícia e da família", disse o sequestrador, de acordo com Raphaella, que em nenhum momento foi agredida nem ouviu do criminoso explicação para a situação de desespero que falara estar vivendo.
A jovem conta que pediu para telefonar para os pais. Ele mesmo pegou o celular dela e fez a ligação. Quando o técnico em comunicações Cosme Luiz de Jezus, de 42 anos, atendeu, Silva disse a ele que sequestrara a filha, mas não lhe faria nenhuma maldade. Jezus desligou o telefonema, por entender que era um trote. O sequestrador ligou então para a avó de Raphaella, Aldinéa Barbosa, de 60 anos.
A mulher ouviu o que ele tinha a dizer e, como já acompanhava pela TV o sequestro do ônibus, avisou ao restante da família que a neta era refém. Segundo Raphaella, o homem decidiu entregar-se à polícia depois que o negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope) rezou um Pai Nosso com todos eles. Então, entregou a tesoura ao policial, tirou a camisa e desceu do ônibus. "Ele ainda me pediu o casaco. Disse que sentiria frio para onde iria. Eu entreguei", rememorou a jovem durante o churrasco familiar em que comemorou o Dia das Mães..