A empresa detalhou o plano de emergência ao comitê anticrise que monitora a seca do principal manancial paulista. O grupo é liderado por técnicos do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, e da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal. Ambos definem a vazão máxima de água que a Sabesp pode retirar por mês do Cantareira para abastecer 47,3% da Região Metropolitana. Na segunda-feira, 14, o nível do volume útil do sistema estava em 12,1%.
Segundo fontes ligadas ao comitê, a Sabesp não apresentou nenhum plano de racionamento generalizado de água. Caso não volte a chover dentro do esperado em novembro, quando começa a temporada de chuvas, a empresa pretende retirar mais água do volume morto, que tem mais de 400 bilhões de litros. Esse volume é chamado assim porque a água fica abaixo do nível do túnel de captação e tem de ser bombeada. Procurada, a Sabesp não confirmou nem negou as informações.
Na semana passada, a presidente da empresa, Dilma Pena, disse que o abastecimento está garantido sem o rodízio generalizado de água até novembro.
Cronograma
Aos técnicos do grupo, a Sabesp informou que em 15 de maio começa a retirar cerca de 116 bilhões de litros represados abaixo do túnel de captação das Represas Jaguari-Jacareí, na cidade de Joanópolis, interior paulista. Previsto inicialmente para junho, o uso do volume morto foi antecipado nos dois principais reservatórios do sistema porque eles estão em situação mais crítica, com só 4,9% de volume armazenado. Juntos, representam 82% da capacidade do sistema.
Essa primeira captação acaba em 28 de agosto, segundo projeção feita pela Sabesp. A partir de setembro, começa a retirada de aproximadamente 80 bilhões de litros da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, que tem duração prevista até 27 de novembro. Na segunda-feira, o reservatório estava com 48,4% da capacidade. Ao todo, a Sabesp deve gastar R$ 80 milhões com obras para fazer a captação profunda.
Especialistas ouvidos pelo Estado dizem que a água do volume morto pode ter contaminantes que não são tratados no sistema convencional de abastecimento. A Sabesp, no entanto, garante a qualidade da água. A empresa aposta ainda na reversão de água dos Sistemas Guarapiranga e Alto Tietê e na adesão ao plano de bônus para evitar o rodízio generalizado..